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No teatro, Marcelo Serrado discute os vilões de Shakespeare

Ator estreia em SP monólogo no qual interpreta espécie de conferencista 

MLB
São Paulo
O ator Marcelo Serrado em ensaio aberto de ‘Os Vilões de Shakespeare’ no Teatro Eva Herz - Lenise Pinheiro/Folhapress

Na pele de Iago, antagonista da tragédia "Otelo", de William Shakespeare, Marcelo Serrado questiona: "Quem há de me acusar de ser vilão quando lhe dou um conselho tão sincero?".

É justamente pelos contornos, pelas ambiguidades e pela sedução desses personagens vis que passeia "Os Vilões de Shakespeare", monólogo que o ator estreia neste sábado (3) em São Paulo, após uma temporada no Rio.

No espetáculo escrito pelo ator e dramaturgo inglês Steven Berkoff, aqui traduzido e adaptado por Geraldo Carneiro, Serrado interpreta uma espécie de conferencista.

Como numa palestra, alterna cenas em interpreta os papéis --além de Iago, passa por Macbeth, Shylock, de "O Mercador de Veneza", Ricardo 3º e até Hamlet-- com momentos nos quais explica os personagens do bardo inglês.

As falas são mote para discutir a natureza do mal, além de questões teatrais, da vaidade do ator e do politicamente correto --em dado momento, ele questiona se, por ser branco, não poderia interpretar o personagem Otelo, um mouro de Veneza.

Também aproveita para fazer paralelos com o Brasil, de personalidades da política à situação de violência no Rio.

"Já existiam muitas brincadeiras na adaptação do Geraldo e a gente foi acrescentando outras", explica Sergio Módena, que assina a direção da montagem. Já Berkoff, quando estreou a versão original da peça, em 1998, fazia muitas piadas com o então presidente americano Bill Clinton.

MEU MALVADO FAVORITO

Serrado ainda abre a discussão para a plateia: "Quem é o vilão para você?", pergunta aos espectadores. Segundo o ator, são momentos de "catarse do público", em que surgem respostas tão diversas quanto Lex Luthor, antagonista do Super-Homem, e políticos brasileiros.

Mas o nome que mais tem aparecido, diz, é o do ministro Gilmar Mendes, do STF.

"A peça não estreou assim, com tanta interação com a plateia", conta o ator, que apresentou o espetáculo no Festival de Teatro de Curitiba do ano passado. "Mas, como ela é quase um 'Ted talk' [série de conferências], ela dá bastante espaço para a improvisação."

"Essa é uma das grandes funções do espetáculo: de aproximar o público de Shakespeare", afirma o diretor.

 

OS VILÕES DE SHAKESPEARE

QUANDO sáb., às 19h e às 21h, dom., às 18h; até 29/4

ONDE Teatro Eva Herz - Livraria Cultura do Conjunto Nacional, av., Paulista, 2.073, tel. (11) 3170-4059

QUANTO R$ 80 (R$ 30 para os 34 primeiros espectadores que comprarem na bilheteria)

CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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