Nudez e violência marcam filme com Jennifer Lawrence

Em 'Operação Red Sparrow', atriz interpreta a bailarina Dominika Egorova

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Los Angeles

Uma fórmula de Hollywood diz que quanto maior o grau de sucesso, menor a necessidade de correr riscos artísticos. A dica para Jennifer Lawrence, atriz mais bem paga do mundo, parece ter extraviado.

Após terminar a franquia "Jogos Vorazes", se meteu na parábola bíblica "Mãe" (2017) e agora em "Operação Red Sparrow", filme de espionagem com sequências violentíssimas e cenas de nudez frontal que espantariam qualquer estrela com um salário de US$ 20 milhões por longa.

"Ela entrega uma performance que poucas atrizes entregariam", afirma o cineasta Francis Lawrence (sem parentesco com a atriz), que a dirigiu nos três últimos capítulos de "Jogos Vorazes".

O vínculo, segundo ele, foi importante para atraí-la ao papel de Dominika Egorova, bailarina recrutada pelo governo russo para participar de um treinamento brutal de espiãs que usam a sexualidade para conseguir informações.

"Operação Red Sparrow" é um dos raros filmes da atualidade com orçamento de US$ 70 milhões a investir em um segmento de classificação indicativa mais velho. A protagonista, em seu aprendizado, sofre ataque sexual, tortura e socos. Numa das cenas mais ousadas dos últimos anos, evita um estupro numa "sala de aula" usando o corpo nu.

"Tentei fazer o filme sem nudez, mas percebi que não seria correto fazer a personagem passar por algo que eu não estaria disposta a passar", disse a atriz em entrevista à revista Vanity Fair sobre suas primeiras cenas sem roupa.

PODER DE VETO

No final das contas, o poder conferido a Lawrence fez a diferença. Tudo passaria por sua aprovação prévia.

"Prometi que mostraria o filme para ela antes mesmo de exibir para qualquer pessoa do estúdio. Jennifer tinha o direito de veto para qualquer cena que lhe deixasse desconfortável em termos de tom", afirma o diretor, que parece não se incomodar com esse tipo de concessão à atriz.

"Ela só pediu pequenas mudanças que não têm nada a ver com as cenas de violência ou nudez. Não precisei cortar nada", completa.

O diretor diz saber que enfrentará críticas por ter mantido o tom de forte conotação sexual e violenta da série literária escrita pelo ex-agente da CIA Jason Matthews.

"Nudez, violência ou sexualidade precisam ser tratadas com cuidado e devem servir à narrativa e ao tema. Não pode ser um espetáculo de exploração", afirma o cineasta, que nega o uso gratuito da violência em seu longa. "É uma personagem poderosa e inteligente que precisa ser durona e passar por desafios pesados para sobreviver."

A trajetória da personagem gerou comparações com a personagem Viúva Negra, espiã russa da Marvel, vivida por Scarlet Johansson nos cinemas, e com "Atômica", em que Charlize Theron intepreta uma espiã da inteligência britânica em missões violentas na Berlim dos anos 1980.

"Quando vi o pôster de 'Atômica', já pensei: 'Vão dizer fizemos uma cópia'. As pessoas colocam tudo numa caixa. Nosso longa é diferente e original. Estou lutando contra isso. Não tem nada a ver com um filme da Marvel", rebate um visivelmente incomodado Francis Lawrence.

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