Pressionado por prazo, Conpresp tomba cinco conjuntos modernos

Lei de 2016 obriga que processos abertos sejam avaliados até 22/3

Edifício na alameda Barão de Limeira, de Gregori Warchavchik, depois de reformado
Edifício na alameda Barão de Limeira, de Gregori Warchavchik, depois de reformado - Vanessa Correa/Folhapress
GUSTAVO FIORATTI
São Paulo

Em reunião que começou às 10h desta segunda (12) e só terminou às 19h, o Conpresp, órgão municipal responsável pela preservação do patrimônio histórico, cultural e ambiental da cidade, aprovou o tombamento de 5 conjuntos, entre os 18 que estavam na pauta, dedicada somente a obras do século 20.

Entre elas estão três construções do arquiteto Gregori Warchavchik (1896-1972): um conjunto de casas na Mooca, o edifício Mina Klabin Warchavchik, localizado no bairro Campos Elíseos, e o salão de festas do Esporte Clube Pinheiros.

Também foram tombados 40 imóveis em diferentes pontos do bairro de Perdizes (zona oeste), a partir de processo protocolado após carta do Movimento Perdizes Vivo, que reclamou do excesso de demolições e decorrente descaracterização da região.

Na pauta estavam 18 itens; portanto outros 13 processos não foram contemplados.

Segundo a Secretaria Municipal de Cultura, as decisões sobre o resto das obras serão tomadas em reunião na próxima segunda (19), somando-se à pauta originalmente prevista para a data e ainda não divulgada.

A corrida do Conpresp decorre de um prazo estabelecido na Lei de Zoneamento de 2016, que prevê dois anos para que uma decisão seja tomada após a abertura do processo de tombamento.

O prazo para a longa pauta expira no próximo dia 22.

Segundo a arquiteta Mariana Rolim, diretora do Departamento de Patrimônio Histórico, órgão da prefeitura que tem voto no Conpresp, "muita gente está torcendo" para que o órgão não consiga encerrar a extensa pauta.

A expiração do prazo abre a possibilidade para que as obras sejam demolidas, se assim desejarem seus donos.

Pauta urgente

A aprovação de 100% da pauta nesta segunda se dá após a controversa reprovação do tombamento de uma vila de Flávio de Carvalho (1899-1973), nos Jardins.

Segundo Rolim, a reprovação ocorreu porque as casas que compõem o conjunto foram descaracterizadas pelos seus proprietários.

"Só 2 do conjunto de 18 mantiveram características originais", diz a arquiteta. A vila foi inaugurada em 1938. No final de outubro, o Conpresp decidiu pelo arquivamento do processo de tombamento, aberto em 2004.

Nesta segunda, ainda foram aprovados os tombamentos do conjunto arquitetônico do Laboratório Paulista de Biologia, na Vila Guilherme (zona norte), e duas casas de Rodrigo Lefèvre, uma em Santo Amaro (zona sul) e outra no Butantã (zona oeste).

Por fim, também foram tombadas três escolas públicas e duas bibliotecas.

Entre os 13 processos que não foram concluídos estão um conjunto de obras na Universidade de São Paulo, o que inclui a raia Olímpica, o centro de Práticas Esportivas, a Escola de Educação Física e Esportes, o Departamento de Geografia o de Engenharia Mecânica e Naval, o de Engenharia de Minas e de Petróleo e o de Engenharia Metalúrgica e de Materiais.

Também ficaram de fora da reunião desta segunda os processos de tombamento de obras dos arquitetos Oswaldo Arthur Bratke, Paulo Mendes da Rocha, Vilanova Artigas e Hans Broos.

São basicamente obras do modernismo, um dos períodos pelos quais a arquitetura brasileira é mais reconhecida mundialmente.

Se não forem tombados até o próximo dia 22, esses edifícios e conjuntos perdem a garantia de que serão preservados como estão hoje.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior do texto afirmava que o bairro de Perdizes havia sido tombado. Essa informação foi retirada da pauta de uma reunião do conselho do dia 12. O tombamento, porém, contemplava somente 40 imóveis em diferentes pontos do bairro. O texto foi corrigido.

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