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Reta final de 'O Negócio' mistura fantasia e empoderamento

Após ritmo frouxo, série chega à quarta temporada aperfeiçoado e divertida 

Tony Goes
São Paulo

o negócio

  • Quando 21h, na HBO

"O Negócio" chega à quarta e última temporada brandindo algumas conquistas importantes. Além de ser a primeira série dramática brasileira produzida para um canal pago a durar tanto tempo no ar (ao todo, serão 51 episódios), ela também estreia neste domingo (18) em cerca de 50 países, pela HBO.

Cenas da quarta temporada da sério O Negócio
A atriz Rafaela Mandelli, que interpreta Karin, em cena na série ‘O Negócio’, da HBO - Divulgação

Existe uma outra façanha digna de nota: elenco e equipe criativa mantiveram-se praticamente os mesmos, desde o início da produção. Isso é raro mesmo em seriados internacionais. Apenas dois diretores, Michel Tikhomiroff e Júlia Pacheco Jordão, assinaram todos os capítulos.

Essa constância deu a "O Negócio" a chance de ir se aperfeiçoando. É nítido o salto de qualidade que a série deu ao longo dos anos. Os tempos mortos e o ritmo meio frouxo que prejudicaram a primeira fase já não existem mais.

O primeiro episódio da quarta temporada, então, é quase uma "sitcom". A história retoma do ponto em que parou: Karin (Rafaela Mandelli), a garota de programa que usou técnicas de marketing para construir um império de marcas de luxo a partir da prostituição, resolve que está na hora de lançar sua autobiografia.

Antes disso, tanto ela como seus sócios na empreitada —as "colegas" Luna (Juliana Schalch), Magali (Michelle Batista) e Mia (Aline Jones), além do cafetão Ariel (Guilherme Weber, em composição divertidíssima)-- precisam revelar para suas famílias no que realmente trabalham.

O resultado é um capítulo composto de idas e vindas em chave cômica, repleto de mal-entendidos e reações inusitadas. Apenas a conversa que a própria Karin tem com sua mãe não resvala para o humor.

O que também é coerente com a personagem: apesar de ser a líder do grupo, a séria Karin sempre foi a única angustiada por exercer a profissão mais antiga do mundo.

Na verdade, leveza nos diálogos e sofisticação em figurinos e cenários foram o que deram personalidade a "O Negócio".

A série, que nunca se propôs a ser um retrato realista do mundo da prostituição, foi aos poucos se transformando em uma fantasia beirando o delírio, onde garotas de programa lançam ações na Bolsa de Valores e uma única noite de prazer custa uma pequena fortuna.

Nada contra: televisão também é escapismo. Para quem quiser se indignar, existem documentários sobre a realidade sórdida dos bordéis.

Além do mais, "O Negócio" não deixa de passar uma mensagem de empoderamento feminino. As quatro protagonistas são donas de seus corpos, capazes de usar em benefício próprio as regras de um mundo machista. Mais uma façanha considerável.

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