Daigo Oliva
São Paulo

Mal havia anoitecido no autódromo de Interlagos quando o National começou a desfilar sua melancolia elegante no segundo dia do Lollapalooza Brasil.

Diferentemente da maioria das atrações do festival, mais solares, o quinteto norte-americano fez apresentação sombria e vigorosa, puxada pelas canções do sétimo e mais recente álbum da banda, “Sleep Well Beast”, de 2017, vencedor do Grammy de melhor álbum de música alternativa.

O National entrou no palco para sua terceira apresentação no país —tocou aqui em 2008 e 2011— ao som de “Most of The Time”, de Bob Dylan. Em seguida, abriu com “Nobody Else Will Be There” e “The System Only Dreams in Total Darkness”. A voz de barítono de Matt Berninger guia o pós-punk do grupo. É como se Leonard Cohen tivesse sido vocalista do New Order, ainda que com uma pegada mais roqueira. 

Mesmo que boa parte do público cantasse as letras do último disco, foram canções de álbuns anteriores, como “Bloodbuzz Ohio” e “I Need My Girl”, que fizeram o público se manifestar de maneira mais intensa. Em “Mr. November”, Berninger desceu do palco e cantou o refrão com o rosto grudado ao de um fã.

Antes de “Fake Empire, na única vez em que conversou com a plateia, o vocalista pediu para todos esquecerem dos problemas e se divertir. “Vocês todos são mais jovens que eu. Vamos consertar isso.”

O telão, que exibia imagens do show com interferências gráficas que lembram uma TV psicodélica fora do ar, mostrava também uma banda com domínio do palco. Mesmo nas músicas mais lentas, a banda entregou intensidade à apresentação. Ao final de “Fake Empire”, os guitarristas empunhavam os instrumentos para o alto ao som do trompete que termina a canção.

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