Descrição de chapéu Artes Cênicas

Artista que copiava quadros inspira peça com Marcos Caruso

No palco, ator comenta caso de Philippe Dussaert, que reproduzia telas e foi acusado de plágio

O ator Marcos Caruso em cena do monólogo "O Escândalo Philippe Dussaert"; ele veste blazer azul e calça marrom e óculos; o palco é iluminado com amplos fachos de luz
O ator Marcos Caruso em cena do monólogo "O Escândalo Philippe Dussaert" - Paula Kossatz/Divulgação
MLB
São Paulo

Artista copista, o francês Philippe Dussaert (1947-1989) especializou-se em copiar obras famosas e retirar-lhe elementos principais, como os personagens, chegando a uma espécie de nada. Era uma provocação que chamou a atenção de museus de prestígio, como o MoMA.

Seu trabalho derradeiro, "Après Tout" (depois de tudo), quase foi arrematado em 1991 por 8 milhões de francos (cerca de 1,8 milhão de euros em valores corrigidos), levantando mais tarde uma polêmica sobre o valor e o possível plágio das obras de Dussaert.

O caso aconteceu em paralelo à Guerra do Golfo e não ganhou muita atenção da mídia. Mas acabou atiçando o interesse do ator e dramaturgo Jacques Mougenot, que o transformou na peça "O Escândalo Philippe Dussaert", há mais de dez anos em cartaz em Paris.

O texto ganhou versão brasileira, no fim de 2016, com direção de Fernando Philbert e interpretação de Marcos Caruso, em seu primeiro trabalho solo, que estreia nesta sexta (6) em São Paulo.

"Mas eu não considero essa peça um monólogo, vejo como um solo coletivo", comenta o ator, que antes do início do espetáculo cumprimenta um a um dos espectadores —calcula já ter apertado a mão de 48 mil pessoas, no Rio e em Portugal.

Ele interpreta uma espécie de conferencista, que apresenta o caso e debate não só o papel da arte, mas também valores sociais.

"Nós falamos muito sobre as mentiras na política, na economia e nas pequenas coisa. É uma discussão sobre escândalos cotidianos", diz Caruso, que no ano passado venceu o Prêmio Shell-Rio de melhor ator pela montagem.

Também deixa o diálogo aberto para o público, que pode fazer comentários durante a peça-palestra. "A participação é tão grande que às vezes parece um talk-show."

A montagem teve um início inusitado. Os direitos autorais do texto foram comprados pelas galeristas Maria Beatriz Martins Costa, Rosina Cordeiro Guerra e Marilu de Seixas Correa (tradutora do texto) após assistirem ao espetáculo original em Paris.

De volta ao Rio, pensaram em oferecer o projeto a Caruso, mas não tinham o contato do ator. Acabaram o encontrando ao acaso, almoçando num bufê no Leblon. E ele, pensando que as três se aproximavam para pedir uma foto, recebeu entre as garfadas uma proposta de trabalho.

"Eu disse: 'Achava que anjos não almoçavam em restaurantes a quilo'. Mas me enganei, elas caíram do céu", lembra o ator.

O ESCÂNDALO PHILIPPE DUSSAERT

  • Quando qui. a sáb., às 21h, dom., às 18h; até 1º/7
  • Onde Teatro Faap, r. Alagoas, 903, tel. (11) 3662-7232
  • Preço R$ 80
  • Classificação 12 anos
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