Descrição de chapéu series

Bianca Comparato surfa na onda da série '3%', que reestreia na sexta (27)

Além da produção da Netflix, atriz carioca participa de 5 projetos no cinema em 2018

Thales de Menezes
São Paulo

Aos 32 anos, a carioca Bianca Comparato é cidadã do mundo. E nem precisa viajar para demonstrar isso. Ela pode aparecer como Michelle, a protagonista da série "3%", em qualquer casa por aí que tenha acesso à Netflix.

A série brasileira de ficção científica, cuja segunda temporada estreia nesta sexta (27), não é coadjuvante na plataforma online de vídeo.

Atração em língua não inglesa mais assistida em 2017 pelos assinantes nos EUA, "3%" é destaque da internacionalização da Netflix via lançamentos globais simultâneos, ao lado dos violentos policiais escandinavos e do fenômeno espanhol "La Casa de Papel".

"Penso muito nisso, na audiência global. Uma amiga minha disse noutro dia que estava viciada numa série sueca e numa alemã. Sei que, além dos Estados Unidos, '3%' faz um baita sucesso na França", diz Comparato à Folha.

Para a atriz, na Netflix a globalização deu certo. "Muitas paredes foram construídas no mundo, mas no sentido de entretenimento muitas caíram."

Na verdade, "3%" é de fato só uma porcentagem na presença midiática da atriz.

Ela terá diversos nomes em quatro longas. Foi Sofia em "Todas as Razões para Esquecer", lançado em março. Katy é seu personagem em "Talvez uma História de Amor", que sairá em junho. No segundo semestre, aparece como Lara no terror "Morto Não Fala"; e interpreta cinco mulheres na cinebiografia de Erasmo Carlos, "Minha Fama de Mau".

A depender do cronograma de lançamentos do canal HBO, ainda neste ano Comparato deve mostrar seu primeiro projeto como diretora.

Ela toca há um ano e meio, com privacidade e sem pressa, um documentário sobre ideias feministas da escritora e ensaísta Rosiska Darcy de Oliveira, membro da Academia Brasileira de Letras.

"É uma mulher muito importante para o movimento feminista, está na ABL, escreve em jornal. É incrível ver algumas ideias dela publicadas nos anos 1970 serem ainda tão relevantes. Conversar com ela me inspirou muito. E acho que ela me viu como alguém para ampliar sua voz", afirma.

O filme é uma entrevista com a escritora, editada com apoio de imagens de arquivo que Comparato considera condizentes com sua proposta de retratar o feminismo.

"É um filme conceitual, de ideias. Não é um documentário observacional sobre a vida dela. Quero construir um pensamento sobre a luta das mulheres." A data de lançamento depende da HBO, que abraçou o projeto antes das filmagens.

A atriz reconhece que "3%" é determinante para seu momento profícuo e se entusiasma ao falar da série, que se passa em um futuro distópico onde jovens disputam um processo seletivo para viver no conforto da elite.

"A segunda temporada foi uma consequência, e é um símbolo de que a coisa deu certo. A Netflix tratava meio como primo pobre. 'Puxa, quer fazer coisa em outras línguas? Não vai dar certo, mas toca aí pra ver no que dá.', era essa a expectativa."

A acelerada expansão transformou a Netflix, e o departamento internacional superou o da matriz americana. No último ano, a base de assinantes cresceu 11,5% nos EUA (56,7 milhões de usuários) e 42,6% pelo mundo (68,3 milhões).

No primeiro trimestre do ano, a Netflix faturou cerca de R$ 12,6 bilhões. Ao longo do ano a empresa deve investir até R$ 27 bilhões na produção de conteúdos originais, como séries, filmes e especiais.

"No início, nosso contato na Netflix era diretamente com o vice-presidente, porque não tinha ninguém designado para cuidar da gente. Eles viram um piloto da série no YouTube e quiseram fazer. Uma coisa muito pequenininha. Cresceu demais, e a gente é um reflexo disso", relata Comparato.

A atriz acabou entrando na mira do mercado internacional. É reconhecida em restaurante de Los Angeles, dá entrevistas fluentes em inglês (foi alfabetizada primeiro nesse idioma) e tem contrato com uma agência americana para gerenciar a sua carreira.

Por outro lado, afirma que gostaria de voltar a trabalhar com diretores com os quais fez trabalhos marcantes. Como Felipe Hirsch, que a dirigiu na minissérie "A Menina sem Qualidades" (2013), na MTV, e Amora Mautner, em "Avenida Brasil" (2012), na Globo.

"Estou esperando convite para ser vilã em novela. É um sonho. E é sério!", diz, rindo.

"E queria fazer no cinema a Maria Ester Bueno", referindo-se à tenista brasileira que venceu os maiores torneios do mundo nos anos 1950 e 60. "Sou viciada em filme de tênis. Adoro todos, os bons e os ruins."


5 trabalhos de Bianca Comparato no cinema

'Todas as Razões para Esquecer', de Pedro Coutinho.

Atriz vive ex do protagonista. Lançado em março

'Talvez uma História de Amor', de Rodrigo Bernardo.

Homem é procurado por desconhecida disposta a romper a relação. Sai em 14/6

'Morto Não Fala', de Dennilson Ramalho.

Atriz tenta ajudar plantonista de necrotério que fala com os mortos. Estreia no 2º semestre

'Minha Fama de Mau', de Lui Farias.

 Comparato interpreta paixões de Erasmo Carlos. Estreia no 2º semestre

'Elogio da Liberdade', de Bianca Comparato. Documentário retrata escritora Rosiska Darcy de Oliveira. Em edição


INFLUÊNCIAS DE 3%

1% de 'A Ilha'

Porque pessoas acreditam na existência de um lugar melhor para eleitos, mas nada é o que parece

1% de 'Elysium'

Porque o mundo é dividido em um lugar rico no espaço e a extrema pobreza na Terra

1% de 'Jogos Vorazes'

Porque jovens precisam passar por testes com risco de morte para viver num lugar melhor

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.