Pela primeira vez, streaming gera a maior receita da indústria fonográfica

Segundo relatório, Brasil se recupera de retração e lidera mercado latino-americano em 2017

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São Paulo

“Acho que o Brasil tem sido um gigante adormecido por anos e acho que o próximo grande hit da América Latina a estourar globalmente virá do Brasil”, afirma Jesús López, CEO da Universal Music na América Latina e Península Ibérica, no Global Music Report 2018, divulgado nesta terça-feira (24).

A visão otimista do executivo se escora nos resultados que o país obteve em 2017 e que figuram no relatório da IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica), principal raio-x do setor.

De acordo com o levantamento, o Brasil se recuperou de uma retração de 3% em 2016 com um crescimento de 17,9% em 2017, quando faturou R$ 943,6 milhões (US$ 295,8 mi). O país lidera o setor latino-americano e é o nono mercado de música do mundo.

A indústria global, por sua vez, cresceu 8,1% e faturou R$ 55,2 bilhões (US$ 17,3 bi), marcando um crescimento pelo terceiro ano consecutivo, após uma década em queda.

O maior responsável pelo progresso foi, segundo a IFPI, o streaming, que, pela primeira vez na história, se torna a maior fonte de receita do mercado fonográfico, representando sozinho 38,4% do faturamento total do setor.

O DJ Alok durante show no Lollapalooza 2018
O DJ Alok durante show no Lollapalooza 2018 - Bruno Santos/ Folhapress

Fazendo a modalidade vingar estão, de um lado, 176 milhões de usuários, do Brasil à China. Do outro, artistas como o cantor britânico Ed Sheeran, o hitmaker mais reproduzido em todo o mundo.

O sucesso do músico tem no Brasil uma exceção. Entre os 50 artistas mais reproduzidos no streaming no país, 45 são brasileiros, como o DJ Alok, MCs e duplas sertanejas.

No total, plataformas como Spotify, Apple Music e Deezer geraram R$ 21 bi (US$ 6,6 bi) no mundo todo em 2017.

"O streaming continua sendo o maior condutor de toda a receita da música gravada, apesar do fato de que sua penetração ainda é relativamente baixa pelo mundo”, disse Hans-Holger Albrecht, CEO da Deezer, em um comunicado.

Para Paulo Rosa, presidente da Pró-Música Brasil, o potencial de crescimento dessa modalidade é enorme.

"Se você levar em conta que a gente tem em torno de 5 milhões de assinantes de streaming no Brasil, em um universo de 180 milhões de smartphones, para não falar de tablets e computadores, ainda existe um mercado a ser explorado”, disse à Folha.

Apesar do crescimento, a receita do setor global ainda corresponde a 68,4% da faturada em 1999, o auge da indústria fonográfica. Segundo uma projeção da Goldman Sachs divulgada em  2017, a indústria deve se recuperar até 2030.

Rosa, porém, diz que prefere se ater aos dados atuais, já que o mercado muda a cada dia com novas tecnologias. “Voltar aos níveis de 1999 é totalmente possível, mas depende do que acontecer no próximos anos. Qualquer aposta envolve um pouco de especulação, de futurologia.”

Até que se reestabeleça como nos tempos áureos, a indústria se articula contra a violação de direitos autorais, por melhores remunerações e aposta em experiências com realidade virtual e aumentada.

"Eles ainda não são propriamente uma realidade”, diz Rosa. “Mas é uma possibilidade, você pode ter um produto com o qual você se coloca ou é colocado dentro de um estúdio ou no palco de um show.”

As 10 faixas mais tocadas no streaming no Brasil

“Shape of You” - Ed Sheeran
“Hear Me Now” - Alok e Bruno Martini (com Zeeba)
“Vidinha de Balada” - Henrique & Juliano
“Te Assumi Pro Brasil - Na Praia 2 (Ao Vivo)” - Matheus & Kauan
“Sua Cara” - Major Lazer (com Anitta e Pabllo Vittar)
“K.O.” - Pabllo Vittar
“Raspão” - Henrique & Diego (com Simone e Simaria)
“Fazer Falta” - Mc Livinho
“Você Parcu Meu Coração” - Nego do Borel (com Anitta & Wesley Safadão)
 “Regime Fechado (Ao Vivo)” - Simone e Simaria

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