Descrição de chapéu

Comédia 'Roseanne' nem sempre agradará Trump

Série volta ao ar nos EUA após 21 anos com protagonista que dá sinais de apoio ao presidente

Fernanda Ezabella
Los Angeles

Mais uma família americana chega ao horário nobre da TV dos EUA. “Roseanne”, que voltou ao ar depois de um intervalo de 21 anos, vem fazer companhia a “Modern Family” e “Black-ish”, outras séries do gênero da emissora ABC. 

Mas, ao contrário dos personagens moderninhos do canal, essa traz uma novidade à programação (não é exibida no Brasil): sua protagonista apoia o presidente Donald Trump. 

Roseanne Barr e John Goodman em cena do primeiro episódio da nova versão da série de TV ‘Roseanne’, exibida nos Estados Unidos pelo canal ABC
Roseanne Barr e John Goodman em cena do primeiro episódio da nova versão da série de TV ‘Roseanne’, exibida nos Estados Unidos pelo canal ABC - Divulgação

É algo refrescante para Hollywood e qualquer julgamento rápido periga soar rasteiro.

Por quase dez anos, a comediante Roseanne Barr desafiou as leis do politicamente correto com “Roseanne” (1988-1997), sobre as alegrias e sufocos de uma família da classe média trabalhadora. 

Ganhou um Emmy e um Globo de Ouro pelo papel da matriarca durona e se mudou para o Havaí para cuidar de uma fazenda de nozes. 

Assim como sua personagem, Barr também apoia Trump, notícia que veio como uma bomba para os liberais da indústria. 

Mas a inesperada grande audiência de estreia valeu contrato para mais uma temporada, além de um telefonema do presidente parabenizando a artista. 

Mas talvez Trump não tenha assistido com atenção. 

Mesmo que criadora e protagonista sejam do time de Trump, os temas abordados foram aqueles caros aos liberais. E a abordagem foi bastante humana. 

Roseanne é agora avó de uma garotinha negra e de um menino branco que gosta de vestir roupas de meninas. 

O primeiro dia de aula na escola nova, com Mark usando uma saia, rende histórias para todo o segundo episódio.   

Modern Family” se manteve distante da polêmica Trump, enquanto “Black-ish” fez um poderoso episódio há um ano sobre a divisão do país após a eleição de 2016. 

Roseanne” quer manter a conversa viva e nem sempre vai agradar os dois lados.  

 Algumas piadas podem de fato cair atravessadas para os liberais. A irmã da protagonista aparece de gorrinho rosa, símbolo da marcha das mulheres contra Trump. As duas não se falam há um ano e batem boca na cozinha.

“Votei nele porque ele falava sobre empregos, disse que ia mudar as coisas. Sabia que nós quase perdemos nossa casa?”, defende a matriarca, para ouvir da irmã: “Você não leu as notícias? Tudo está piorando!”. 

E Roseanne rebate: “Não nas notícias de verdade!”

 O seriado traz de volta John Goodman no papel do marido Dan. Ele havia morrido de ataque do coração no último episódio, em 1997, mas foi ressuscitado com algumas piadas. 

Ainda não ficou claro se o personagem também apoia o presidente, mas na vida real o ator já disse que não espera nenhum telefonema.

O fator Trump pode ter ajudado a atrair a audiência e parece servir de desculpa para mostrar a liberais e conservadores que, no fundo, talvez, quem sabe, somos todos iguais.
 

Roseanne

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