Descrição de chapéu Artes Cênicas

Denise Stoklos adapta o romance 'Extinção', de Thomas Bernhard

Com peça e outros eventos, atriz, diretora e dramaturga comemora meio século de carreira

MLB
Curitiba

Denise Stoklos faz 50 anos de carreira, mas diz usar o meio século não para comemorar, e sim extinguir.

É uma autodestruição o que ela coloca em “Extinção”, espetáculo inspirado no livro homônimo do austríaco Thomas Bernhard e que a atriz, diretora e dramaturga estreia nesta quinta (5) no Festival de Teatro de Curitiba. Na próxima semana, a montagem segue para São Paulo.

Em seu romance, publicado em 1986, Bernhard desconstrói valores de uma sociedade conservadora. Seu protagonista é a ovelha negra de uma família de latifundiários, que precisa retornar à sua casa depois da morte de parentes.

A atriz, diretora e dramaturga Denise Stoklos, que faz 50 anos de carreira, em ‘Extinção’
A atriz, diretora e dramaturga Denise Stoklos, que faz 50 anos de carreira com ‘Extinção’ - Leekyung Kim/Divulgacao

“Para criticar a família contemporânea, ele acaba com a dele próprio”, afirma Stoklos, 67. “Questiona a família, os afetos. Isso é brutal como proposta, deixa a gente na corda-bamba.”

As ações do romance repetem-se em círculo, tornando-se cada vez mais obstinadas e desencadeando pensamentos e reminiscências. Uma estrutura que é replicada na montagem, dando espaço em especial para a voz, a palavra.

Stoklos é criadora do teatro essencial, método que prioriza os recursos do ator e a simplicidade cênica, no qual não é perceptível a construção de um personagem: em cena, a atriz se alterna entre um personagem-narrador e ela mesma.

Como em outros trabalhos, há também textos seus, que trazem questões pessoais e moldam a obra à embocadura da intérprete. “Tudo é ambivalente. Como Bernhard diz, é ficção e é realidade.”

Mas, diferentemente de outros trabalhos, em que a artista assumia a encenação e o texto, “Extinção” é feito com parceiros. Tem dramaturgia do psicanalista e escritor Ricardo Goldenberg e direção compartilhada entre Stoklos, Francisco Medeiros e Marcio Aurélio.

“Essa coisa de negar-se a si mesmo, da autodestruição, isso foi uma questão para mim. E me fez pensar que eu poderia usar a ajuda de outros especialistas em áreas do teatro”, conta ela. “Extinguimos para deixar vir o novo. E o que é o novo? Não sei, mas ele tem que vir.”

O novo, Stoklos também trouxe para a formação. Há cerca de um ano criou um curso virtual de teatro (veja em teatroessencial.com.br), no qual destrincha nove passos para a elaboração de uma performance, do texto à direção.

“É tudo o que o ator, sozinho no palco, pode fazer. Não tem que ficar em casa esperando um convite para uma peça, ele pode elaborar na sua casa”, explica ela.

As celebrações do seu cinquentenário profissional também incluem uma exposição em São Paulo (em data e local ainda não definidos), com concepção do cenógrafo J.C. Serroni a partir do acervo dela na Unicentro, em Irati (PR), cidade natal da artista.

O município também receberá a primeira edição do FIDS (Festival Internacional Denise Stoklos de Solo Performance), previsto para a última semana de novembro.

A jornalista MARIA LUÍSA BARSANELLI viajou a convite do Festival de Teatro de Curitiba. 

Extinção

  • Quando e 6/6, às 21h (Curitiba); sex. e sáb, às 21h, dom., às 18h, de 13/4 a 20/5 (SP)
  • Onde Guairinha, r. 15 de Novembro, 971, Curitiba, tel. (41) 3304-7900; Sesc Consolação, r. Dr. Vila Nova, 245, SP, tel. (11) 3234-3000
  • Preço R$ 70 (Curitiba) e R$ 12 a R$ 40 (SP)
  • Classificação 16 anos
Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.