Descrição de chapéu artes plásticas

Frans Krajcberg revela o sofrimento das plantas em mostras em São Paulo

Artista morto em 2017 é tema de exposições na galeria de Paulo Kuczynski e no Museu Afro Brasil

Isabella Menon
São Paulo

Após a morte de Frans Krajcberg em novembro de 2017, o galerista Paulo Kuczynski decidiu abrir coleção do artista plástico ao público, com obras adquiridas ao longo de 14 anos.


Na galeria que leva o nome de Kuczynski, poderão ser vistas 25 obras do artista conhecido como o expoente da arte ecológica.


O título “A Natureza Como Atelier” foi escolhido pelo próprio galerista, uma referência à Pierre Restany, que dizia que o ateliê de Krajcberg era a própria natureza.


“A gente vive um drama da destruição do planeta, por isso o trabalho dele são tão atual e talvez sejam cada vez mais”, diz Kuczynski. 


Kuczynski adquiriu obras desde o início dos anos 1960 até o final dos anos 1980. 

Enquanto de Piet Mondrian (1872-1944), esgotou todas as suas possibilidades para chegar no quadro geométrico, Krajcberg quis rever o quadrado para voltar à arte.


No resultado desses trabalhos, há obras como a escultura de tronco de árvore “Flor de Chão” e o quadro “Fleurs” com formas que remetem a flores, mas são, na verdade, uma espécie de câncer da árvore que explode no tronco.


“Parece uma flor, mas é o sofrimento da planta”, diz Kuczynski, que vê que esse aspecto transmite certa dualidade no trabalho do artista.


Para ele, a fama que o artista levou de “difícil e amargo e ranzinza” é mais que justificavel, já que Krajcberg —nascido em 1921 na Polônia— veio para o Brasil após perder a família em um campo de concentração na Segunda Guerra. 


“Ele não acreditava mais no ser humano e viu na natureza um refúgio e único bem que sobrou diante do descalabro da guerra e descrença que ele passou a ter com tudo”, diz.


O uso de materiais da natureza é a marca do artista, mas para o galerista se difere muito do trabalho, por exemplo, de Marcel Duchamp, pai do ready-made, que “pega um objeto e o retira do contexto”. 

“A natureza é, para Krajcberg, a provedora de um material que ele vai trabalhar”, define o galerista.

 
Além da galeria, o Museu Afro Brasil inaugura, no sábado (21), cinco mostras, entre elas duas individuais que homenageiam Mestre Didi (1917-2013) e outra, Krajcberg.


O artista que dizia que suas obras refletiam um pedido de socorro da natureza, será representado na mostra “Um Frans”, com esculturas e fotos. 


Também serão abertas as coletivas “Os Africanos – O Olhar Europeu da Fotografia Contemporânea”, “África Contemporânea” e “África e a Presença dos Espíritos”.

 

A Natureza como Atelier -Frans Krajcberg
Paulo Kuczynski Escritório de Arte, al. Lorena, 1.661. Seg. a sex. das 9h30 às 18h30 e sáb. das 10h às 14h, até 30/5, grátis

Um Frans 
Museu Afro Brasil, av. Pedro Álvares Cabral, portão 10. Sáb. (21) às 11h, até 10/6. Ter. a dom.: 10h às 17h. R$ 6 de terç. a sex. e dom., sáb.: grátis.

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