Pedro Diniz
São Paulo

Uma das coleções mais aguardadas desta temporada nacional será, antes de um desfile, uma resposta política à ascensão do conservadorismo que, segundo seu estilista, tolhe individualidades.

O designer André Namitala, 25, da grife carioca Handred, trará uma mistura da estética do Rio esquecido da bossa nova com a cultura muçulmana.

Inspirado em uma mistura de cores e proporções de vestimenta usada no Marrocos, ele levará à passarela alusões à burca e à tensão sexual expressa tanto na moda brasileira quanto na marroquina.

Looks tapados na parte da frente e descobertos na de trás, túnicas alongadas trabalhadas em bordados e construções que mostram partes do corpo, mas cuja modelagem preserva uma espécie de recato, devem passear no parque do Ibirapuera, onde ocorre a maioria dos desfiles da São Paulo Fashion Week.

Da casa do estilista e ídolo Yves Saint Laurent (1936-2008), em Marrakech, Namitala tirou o azul das paredes e o verde aberto das plantas do jardim para compor a coleção.

"Não procuro o estereótipo carioca, mas uma nostalgia de um Rio que já existiu, quando as pessoas usavam linho, se arrumavam, e e vestiam roupas atemporais", diz ele, que define o humor da coleção como marroquino tropical.

De origem libanesa, sua moda ganhou fama na capital carioca pelo viés exclusivo. Todos os dias ele acompanha a execução dos pedidos na loja de Ipanema, e quer, ainda neste ano, fazer o mesmo em São Paulo. É que, com apenas seis anos de marca, o designer planeja abrir o primeiro ponto paulistano da Handred, possivelmente na região dos Jardins.

A matéria-prima natural deve agradar a clientela paulistana, que assim como a marca, prefere cores e proporções mais sóbrias. O conceito de moda sem gênero, que pode ser usada por homens e mulheres, também pode ajudar na identificação da clientela paulista com a etiqueta.

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