Descrição de chapéu Livros

Projeto Ponto Firme apresenta coleção feita por 20 presidiários na SPFW

Quando faço crochê me sinto livre, diz preso em vídeo exibido

Giuliana Mesquita
São Paulo

O primeiro dia de São Paulo Fashion Week foi encerrado pelo Projeto Ponto Firme, comandado voluntariamente por Gustavo Silvestre. O projeto existe há dois anos, quando o estilista começou a ensinar crochê a presidiários da penitenciária Adriano Marrey, em Guarulhos. 

São 72 horas de aulas, divididas em 24 encontros, onde os presidiários começam aprendendo pontos simples e confeccionando jogos americanos. Quando começaram a pensar em roupas, Silvestre convidou a artista plástica e estilista Karlla Girotto para ensinar sobre o processo criativo de um desfile. O resultado foi a coleção apresentada na passarela neste sábado.

Desfile do Projeto Ponto Firme, com peças foram desenvolvidas e produzidas por artesãos que cumprem pena na penitenciária Adriano Marrey
Desfile do Projeto Ponto Firme, com peças foram desenvolvidas e produzidas por artesãos que cumprem pena na penitenciária Adriano Marrey - Roberto Casimiro/Fotoarena/Folhapress

O primeiro look é uma reprodução do uniforme usado pelos presidiários —uma calça bege e uma camiseta branca— feito todo em crochê. Dali em frente, as peças vão desde vestidos mídi com babados até casacos de frio com bonecos aplicados passando por camisetas estampadas com os escudos dos principais times de futebol de São Paulo. 

Quando questionados sobre o que queriam abordar, a maioria decidiu falar sobre o próprio cotidiano da prisão, o que resultou em camisetas com mensagens como “Deus é justo” e “Liberdade para todos” e alusões ao Racionais, grupo de rap de Mano Brown.

A coleção foi apresentada há cerca de um mês para os presidiários dentro da própria Penitenciária. “Quando faço crochê me sinto livre”, diz um deles no vídeo sobre o projeto apresentado antes do desfile. 

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