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'Viver Bem' narra era luminosa das artes pelos olhos de casal expatriado

Americanos Gerald e Sara Murphy são casal-símbolo do vigor cultural da França dos anos 1920

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São Paulo

viver bem é a melhor vingança

  • Preço R$ 40
  • Autoria Calvin Tomkins
  • Editora Autêntica (128 págs.)
  • Tradutora Beatriz Horta

Um dos grandes acontecimentos culturais de Paris em 1923 foi a estreia de "O Casamento", balé da companhia do russo Serguei Diaguilev a partir da música do seu conterrâneo Igor Stravinsky.

Americanos que moravam em Paris, Gerald e Sara Murphy se entusiasmaram tanto com a coreografia que decidiram promover uma festa para celebrar o espetáculo.

O escritor norte-americano F. Scott Fitzgerald, que se inspirou nos Murphys para escrever 'Suave É a Noite' - Reprodução

Além dos homenageados Diaguilev e Stravinsky, a comemoração em um barco no rio Sena reuniu gênios do modernismo, como Picasso, Jean Cocteau e Tristan Tzara.

A descrição do banquete com os amigos dos Murphys é uma das passagens notáveis de "Viver Bem É a Melhor Vingança", do escritor e crítico de arte Calvin Tomkins. Fora de catálogo no Brasil havia décadas, o livro de 1974 acaba de ganhar nova edição.

Não é o apogeu da produção do autor americano, lugar ocupado por "Duchamp - uma Biografia", lançado no Brasil pela extinta Cosac Naify. Mas "Viver" expõe retrato envolvente dos Murphys, casal-símbolo do vigor cultural da França dos anos 1920.

Como escreve o jornalista Sérgio Augusto no prefácio, trata-se da "mais enxuta e gratificante crônica sobre a Paris da geração perdida e seu mais glamouroso casal de expatriados".

Garantidos por herança, Gerald e Sara viveram inicialmente na capital e depois em Antibes, na Riviera Francesa. Em ambos os lugares, mostraram-se anfitriões extraordinários.

Mantiveram-se bem próximos de conterrâneos, como Scott e Zelda Fitzgerald, que também tinham trocado os EUA pela França. Scott, aliás, se inspirou nos Murphys para escrever boa parte do romance "Suave É a Noite".

Muito por conta das atividades de Gerald como pintor, eles se tornaram amigos de alguns dos melhores artistas franceses, como Léger.

Não existiam americanos mais preparados que os Murphys "para compreender tão bem o movimento modernista", avalia Tomkins.

"Viver" é, portanto, o registro de uma era luminosa das artes aos olhos de um casal que se apoiava em duas certezas: a França era o centro do mundo, e os EUA tinham estacionado no século 19.

Mas o livro não se restringe a uma visão panorâmica. Tomkins também se dedica ao humor e à tragédia dos episódios secundários.

Em Antibes, Picasso se divertia fotografando banhistas em posições constrangedoras. Também lá, anos depois, o ímpeto autodestrutivo de Scott e Zelda os levava a loucuras como saltar ao mar do alto de rochedos de 10 m.

Esse ambiente de criações e estripulias em torno dos Murphys durou pouco mais de uma década. Mas a arte da época jamais perdeu a exuberância, assim como o texto de Calvin Tomkins.

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