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Cinema

'Acertando o Passo' engorda lista de comédias cheias de clichês e estereótipos

Filme sobre londrinos da terceira idade aborda agruras do envelhecimento

Marina Galeano
São Paulo

Acertando o Passo (Finding Your Feet)

  • Quando Estreia nesta quinta (10)
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Joanna Lumley, Celia Imrie
  • Produção Reino Unido, 2017
  • Direção Richard Loncraine

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Meio dramática, meio romântica, "Acertando o Passo" engorda a lista de comédias inofensivas, emolduradas por um sem número de clichês e estereótipos típicos de histórias que tentam —sem muito êxito— fazer rir e chorar.

Mas o longa-metragem assinado pelo diretor britânico Richard Loncraine traz uma carta na manga: atores experientes e talentosos, responsáveis por atuações cativantes e consistentes que conferem doses de charme e sabor a uma estrutura bem carne de vaca.

Alheio ao quesito originalidade, esse filme sobre londrinos da terceira idade passeia pelas agruras do envelhecimento, ao mesmo tempo em que sublinha uma mensagem positiva no estilo "é possível ser feliz aos 60, 70...".

Viuvez, solidão, Alzheimer, câncer, além de outras mazelas, dividem espaço com narrativas de reencontros e superação, conduzidas por duas jovens senhoras absolutamente diferentes.

Sandra Abbott (Imelda Staunton) passou 35 anos à sombra do marido (John Sessions) até ser traída e trocada por uma amiga dentro da própria casa. Prestes a encarar o divórcio a contragosto, ela precisa engolir a pompa e a arrogância para dividir o teto com a irmã mais velha num apartamento caótico em East London.

Elizabeth (Celia Imrie), ou Bif, é o extremo oposto da caçula. Dona de um espírito livre, leva uma vida modesta, ignora a opinião de terceiros, gasta a sola dos sapatos nas aulas de dança e curte fumar um baseado.

Após o choque imediato de personalidades tão antagônicas, as irmãs —afastadas por quase uma década— pouco a pouco reconstroem uma relação cheia de cumplicidade, parceria e boas lembranças. Então, Sandra começa a juntar os cacos. E, claro, se depara com um amor inesperado, nascido em meio a rodopios e passos de valsa.

Na verdade, inesperado só no papel, porque desde as primeiras rusgas entre a protagonista e o aposentado Charlie (Timothy Spall) —cujo drama particular é lidar com a demência avançada da mulher—, o espectador consegue antecipar o futuro romance.

Tal como as demais reviravoltas da trama. Não é preciso faro investigativo apurado para desvendar as próximas jogadas de um roteiro simples e previsível, que parece ter preguiça de arriscar.

Ainda assim, "Acertando os Passos" reserva alguns momentos divertidos e sensíveis, decorrentes da afinação do elenco.

Existe, no fim das contas, um certo aconchego nessa comédia que soa bastante familiar e que pinta um retrato otimista sobre a meia idade nos belos cenários de Londres e Roma. Ideal para assistir largado no sofá, sem grandes expectativas.

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