Descrição de chapéu Vinho

Bate-boca entre Ed Motta e chefs reacende discussão sobre taxa de rolha

Prática comum, cobrança é feita aos clientes que levam as próprias bebidas aos restaurantes

O cantor e enólogo Ed Motta - Ze Carlos Barretta/Folhapress
Marina Consiglio
São Paulo

Críticas publicadas pelo cantor e enólogo Ed Motta em uma rede social reacenderam o debate sobre a habitual e controversa taxa de rolha, cobrança aplicada aos clientes que levam suas próprias bebidas aos restaurantes.

Em texto na última sexta (18), ele disse que “no Rio de Janeiro, é uma grande pena que restaurantes que aplicam políticas classicistas como Lasai e Oteque queiram se apropriar de um movimento que é a antítese de puxa-saco de gente rica, ou melhor, ricos para ricos. Cobram rolha de R$ 150 para todos, menos os amigos do papai ou dos investidores”.

A taxa de rolha é uma prática comum ao redor do mundo. Cabe a cada estabelecimento definir o valor do serviço, que pode envolver atendimento de um sommelier, o custo de lavar e de comprar taças, o decantamento do vinho e o esfriamento da garrafa.

Os chefs das casas citadas por Ed Motta reagiram às críticas. Rafael Costa e Silva, por trás do Lasai (uma estrela no guia Michelin), defendeu a isenção da cobrança para amigos e clientes frequentes. 

“Você cobra ingressos de seus amigos em shows?”, disse Costa e Silva, que afirmou que o valor da rolha cobrado na casa é de R$ 120, não R$ 150, mas o serviço pode sair gratuitamente caso o cliente compre uma garrafa ou três taças na casa. 

Alberto Landgraf, do Oteque, engrossou o coro na internet e escreveu que há desconto sim, mas não isenção da taxa para amigos e familiares. O valor da taxa, afirmou, era de R$ 100 até recentemente; atualmente, custa R$ 125. 

“Não cobrar rolha é um desserviço e desrespeito ao restaurante, aos funcionários, aos importadores e aos profissionais do ramo que trabalham o mês todo para ganhar o que Ed Motta toma de vinho em uma noite”, disse.

Segundo Costa e Silva, levar a bebida é uma opção do cliente. “Mas a gente não incentiva isso, a gente incentiva a compra na própria casa.”

Segundo o Procon, o estabelecimento não tem obrigação de permitir a entrada de consumidores com bebidas de fora. O que deve ser feito, contudo, é informar o cliente de maneira clara sobre a política da casa. 

Ambos os chefs relataram surpresa com as críticas porque o cantor nunca esteve em nenhum dos endereços. Procurado pela reportagem da Folha, Motta não respondeu aos pedidos de entrevista.

Entre as casas em São Paulo que adotam a taxa, estão o Maní (R$ 100), o Fasano (R$ 140) e o D.O.M. ( de R$ 100 a R$ 200). 

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