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música teatro

Clássicos da MPB embalaram noite da Virada Cultural

Artistas reinterpretaram álbuns completos de suas carreiras no palco Boulevard São João

Carlos Bozzo Junior
São Paulo

Começou no sábado (19), às 19h30, no palco Boulevard São João, —dedicado exclusivamente para artistas da MPB reinterpretarem álbuns completos de suas carreiras— , a 14ª Virada Cultural, com o show de Antonio Carlos e Jocafi toca “Mudei de Ideia”, da dupla de cantores e compositores baianos.

Neste palco, montado no centro de São Paulo, a reportagem da Folha cobriu, além do show da dupla baiana, posteriormente, às 22h30, o show do pernambucano Geraldo Azevedo, 73, que apresentou o repertório do disco “Bicho de Sete Cabeças” (1980).

No palco Bossa Nova, no Centro Cultural Olido, Vânia Bastos apresentou canções de Toquinho no show Toquinho na Bossa.

Leia, a seguir, como foram os shows.

Jocafi e Antônio Carlos
Jocafi e Antônio Carlos terminam show no palco Discos Completos no Bolulevard São João - Carlos Bozzo Junior/Folhapress

ANTONIO CARLOS & JOCAFI TOCA “MUDEI DE IDEIA”

Antonio Carlos e Jocafi começaram a carreira, em 1969, na 5 ª edição do Festival Internacional da Canção, onde abocanharam o primeiro lugar, com “Catendê”, música da dupla em parceria com Ildásio Tavares (1940-2010) defendida por Maria Creuza, então mulher de Antônio Carlos.

Muitas das canções da dupla fizeram parte de trilhas sonoras de novelas e minisséries, algumas foram tema de abertura. Canções como “Você abusou”, “Hipnose”, “Desacato”, “Toró de Lágrimas”, entre outras, foram grandes sucessos.

“Mudei de Ideia” (1971) lançado pela RCA Victor, é LP clássico da dupla, que quando encontrado, em boas condições, facilmente é vendido como raro, por R$ 200.

Entre as faixas que foram apresentadas no show e cantadas pelo público —sim, muitas ainda são lembradas e ainda com bastante emoção—,  “Você Abusou”, de Antônio Carlos Marques e Jocafi; “Se Quiser Valer”; “Quem Vem Lá”; “Kabaluerê”; “Conceição Da Praia”; “Hipnose” e a homônima “Mudei de Ideia”.

Depois do show, Jocafi, que chorou durante o espetáculo, se justificou ao falar com a Folha. “Me emocionei muito na hora e fiz essa bosta, chorei. São Paulo é muito especial para mim. Morei 24 anos aqui e adoro essa cidade e esse povo.”

Seu parceiro Antônio Carlos também disse estar muito contente por ver que todos cantaram juntos com eles seus maiores sucessos. “É muito bom poder fazer show em São Paulo. Aqui todo mundo canta sempre junto com a gente. Na verdade o show é vocês, parabéns!”

AVALIAÇÃO Bom

Virada Cultural
Geraldo Azevedo encerra show no qual segurou uma multidão apenas de voz e violão, fazendo-a cantar com ele todas as músicas durante uma hora de espetáculo - Carlos Bozzo Junior/Folhapress


GERALDO AZEVEDO TOCA “BICHO DE SETE CABEÇAS”

Geraldo Azevedo nasceu em Petrolina, da beira do São Francisco. Quando morou em Recife conheceu, entre outros artistas, Teca Calazans e Naná Vasconcelos (1944-2016). A cantora Eliana Pittman conheceu Azevedo e o convidou para ir para o Rio, onde juntou-se a Naná e a Nelson Ângelo no Quarteto Livre, para acompanharem Geraldo Vandré no festival que o consagrou com  “Pra não dizer que não falei das flores ”.

O primeiro disco de Geraldo Azevedo, uma psicodelia gravada com Alceu Valença, foi “Quadrafônico” (1972), pela gravadora Som Livre, que o utilizou como trilha sonora nas novelas “Gabriela” e “Saramandaia”.

Contratado pela Epic/CBS, Geraldo Azevedo gravou “Bicho de Sete Cabeças” (1979). O disco traz a canção título, em dueto com Elba Ramalho, além da manjadíssima “Táxi Lunar”, de Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho, todas entoadas com fervor pelo público durante o show.

Outras músicas do LP, como “Veneza Americana”, de Geraldo Azevedo com Carlos Fernando, agradaram ao serem relembradas pela massa, que não se fez de rogada e cantou sem errar a letras ao ouvir, “Paula e Bebeto”, de Caetano Veloso e Milton Nascimento; “Meu pião”, de Zé do Norte (1908-1979). “O Menino e os Carneiros”, “Asas de Verão” e “Natureza Viva”, também tiveram seus momentos encantando o público que as entoava, mas “Bicho de Sete Cabeças” foi talvez a mais celebrada em duo com o artista.

Sozinho, sem banda, o Geraldo Azevedo munido apenas de violão e voz enfileirou um sucesso atrás do outro e entreteve um público diversificado formado por jovens e gente com mais idade que cantou todas suas músicas sem errar letras ou melodias, pois há muito parecem estar em suas mentes e almas.

AVALIAÇÃO Ótimo

Virada Cultural
Show Toquinho na Bossa, com a cantora Vânia Bastos, no Teatro Olido, que acontece no palco Nossa Nova começa nos primeiros minutos deste domingo (20) - Carlos Bozzo Junior/Folhapress

TOQUINHO NA BOSSA-VÂNIA BASTOS

A cantora Vânia Bastos participou da Virada Cultural com o show Toquinho na Bossa, à meia-noite , no Palco Bossa Nova, na Sala Olido (SP), acompanhada por Ronaldo Rayol (violão/direção), Nahame Casseb (bateria), Moisés Alves ( piano) e Gustavo Sato (baixo acústico).

Várias canções de Toquinho em parceria com Vinicius de Moraes, como “Regra Três”, “Samba de Orly”,  “Tarde em Itapoã”, e “Escravo da Alegria” estiveram no repertório do show que reuniu pessoas amantes do gênero da bossa nova e MPB em geral.

Contudo, a artista se atrapalhou algumas vezes, trocando nomes ao citar as parcerias do violonista e compositor Toquinho, além de em algumas músicas ter lido as letras em um pedaço de papel, enquanto a plateia as cantava de cor.

Da metade do show em diante, algumas pessoas se levantaram sem cerimônia e foram deixando o teatro, talvez em busca de outras atrações ou de algo menos “quiet”.

“Está faltando uma percussão nesse show. Um carron resolveria. Seria melhor que essa bateria que nem aparece, nem tem som”, disse várias vezes um espectador sentado atrás da reportagem, que parecia ter razão pois uma percussão aliada a bateria teria dado um molho que fez falta, deixando a massa com mais gosto.

AVALIAÇÃO Regular

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