Descrição de chapéu artes plásticas

Conflitos políticos brasileiros permeiam mostra fotográfica

Exposição reúne parte da história do país desde a proclamação da República até o golpe de 1964

Isabella Menon
São Paulo

Um panorama da fotografia de guerras civis brasileiras está exposta desde a terça (8) no Instituto Moreira Salles, na mostra “Conflitos: Fotografia e Violência Política no Brasil 1889-1964”. 


Após passar pelo centro expositivo da instituição no Rio, a exposição desembarca com suas 338 obras na Paulista.


O fio condutor da mostra, que trata de 75 anos da história brasileira, são as imagens de conflitos armados em que houve a participação direta do Estado, por meio do Exército.


“Não é por que não nos envolvemos com guerras fora do país que a história do Brasil é pacífica”, diz a curadora Heloisa Espada. Para ela, ao rever a história, é possível compreender a violência e conflitos de hoje. 


Espada diz, por exemplo, que, ao compreender como o Exército agiu e como foi muitas vezes o protagonista da política, é possível entender o que ele significa no retorno das Forças Armadas no debate atual. 

Tomada do forte de Copacabana
Tomada do forte de Copacabana - Evandro Teixeira/Divulgação

Entre os conflitos que são apresentados, como a Revolta da Vacina (1904), a Guerra de Canudos (1896-97) e a Revolta Naval, conhecida como da Chibata (1910), a curadora chama a atenção para o banditismo cangaceiro, que aconteceu entre 1920 e 1938. 


O bandoleiro Lampião, que liderava o movimento social que operava atividades ilegais violentas no sertão, usou a mídia e as fotografias a seu favor. 


“Era um momento em que estavam começando a entender fotografia como forma de propaganda, e Lampião começou a entender isso”, afirma Espada. 


Por isso, segundo a curadora, o cangaceiro se deixava fotografar, posando para os registros. “Ele aparecia nas fotografias lendo, o que para época era sinônimo de sabedoria”, diz. “E sempre tomava cuidado de ostentar essa figura de poder”. 

 Imagem da Guerra do Contestado em Três Barras (1915)
Imagem da Guerra do Contestado em Três Barras (1915) - Claro Jansson/Divulgação

Evolução da fotografia 

A evolução do fotojornalismo é um dos personagens principais da exposição, e é visível desde o início da República, quando as imagens eram posadas. 


Nessa época, as fotografias eram distantes da denúncia das reportagens, pois eram feitas por fotógrafos encarregados pelo governo de mostrar os soldados como vencedores de batalhas. 


Ao longo dos anos, as fotografias passaram a fazer parte dos veículos de comunicação, como na imagem em que carros do jornal O Globo são tombados pela população, após a morte de Getúlio Vargas, em 1954, ou o cortejo do corpo do presidente até o aeroporto. 


“Aqui, eu quis tratar a fotografia como personagem principal”, afirma Espada. 


Dispostas nas paredes da galeria do Instituto Moreira Salles, as fotografias são separadas e contam com textos descritivos sobre os períodos que as representam. 


Conflitos: fotografia e violência política no Brasil 1889-1964
Instituto Moreira Salles, av. Paulista, 2.424, tel. (11) 2842-9120, grátis, até 29/7, ter. e qua. a dom. das 10h às 20h e qui. das 10h às 22h 

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