Filme brasileiro sobre aldeia indígena é premiado em mostra de Cannes

"Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos" acompanha a história de Ihjac, que faz parte de aldeia no cerrado tocantinense

Cena do filme 'Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos', de Renée Nader Messora e João Salaviza, em exibição no Festival de Cannes 2018
Cena do filme 'Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos', de Renée Nader Messora e João Salaviza, em exibição no Festival de Cannes 2018 - Divulgação
Guilherme Genestreti
Cannes

“Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos”, dirigido pela brasileira Renée Nader Messora e pelo português João Salaviza, levou o prêmio especial do júri na mostra Um Certo Olhar, que faz parte da seleção oficial do Festival de Cannes. 

A obra, que fica na fronteira entre a ficção e o documentário, acompanha a história de Ihjac, que faz parte da aldeia indígena krahô, no cerrado tocantinense. No começo do filme, ele recebe um chamado vindo do pai, já morto, para que termine o ritual fúnebre. O garoto também está no meio de um processo para se tornar xamã entre seu povo. 

Os diretores passaram nove meses filmando no local, e incorporaram na obra tanto registros documentais do cotidiano na aldeia quanto elementos ficcionais. “Nada foi inventado, mas reorganizamos o que vivemos para criar uma narrativa mais clássica”, disse Messora à Folha.

Ela, que entrou em contato pela primeira vez com os krahô em 2009, desenvolve projetos audiovisuais com os membros da aldeia desde 2012. Na sessão de gala do longa, os diretores e a equipe do filme fizeram um ato no tapete vermelho, empunhando cartazes pró-demarcação de terras indígenas. 

Quem levou o prêmio principal na mostra Um Certo Olhar foi “Border”, do diretor iraniano-dinamarquês Ali Abassi. O filme mistura elementos de realismo social, suspense noir e mitologia nórdica para contar a história de uma policial sueca com faro canino. 

Quem capitaneou o time de jurados desta mostra foi o ator Benício del Toro. “Chuva É Cantoria...” não foi o único filme nacional premiado em Cannes.

Na seção paralela Semana da Crítica, o longa luso-franco-brasileiro “Diamantino” foi o grande vitorioso. A obra, dirigida pelo português Gabriel Abrantes e pelo americano Daniel Schmidt, é uma sátira política sobre um jogador de futebol ingênuo e vaidoso que lembra muito a figura de Cristiano Ronaldo. 

Já na seção Quinzena dos Realizadores, em que também concorria o filme nacional “Los Silencios”, de Beatriz Seigner, a vitória foi para “Climax”, filme do franco-argenino Gaspar Noé sobre uma jornada sangrenta e erótica de um grupo de dançarinos. 

O jornalista se hospeda a convite do Festival de Cannes

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