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Cinema

Filme sobre história de hit gospel, 'Eu Só Posso Imaginar' beira a pregação

J. Michael Finley, que vive o protagonista graças ao vozeirão, não se sustenta na atuação

cena de Eu só posso imaginar
O ator J. Michael Finley em cena de 'Eu Só Posso Imaginar' - Divulgação
Marina Galeano
 

Eu Só Posso Imaginar (I Can Only Imagine)

  • Quando Estreia na quinta (31)
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Dennis Quaid, J. Michael Finley, Madeline Carroll
  • Produção EUA, 2018
  • Direção Andrew Erwin e Jon Erwin

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O que está por trás do hit cristão mais tocado de todos os tempos? Para responder à pergunta, os irmãos Andrew e Jon  Erwin transportam aos cinemas a trajetória de Bart Millard, vocalista da banda gospel  MercyMe e compositor de “Eu Só Posso Imaginar” (I  Can  Only Imagine), canção que dá título a esse filme de recorte religioso.

À primeira vista —ou à primeira metade— a história tenta conversar com um público diversificado e apenas rodeia o discurso baseado na fé. Na tela, um menino aficionado por música, que sofre as consequências de uma família totalmente disfuncional.

De olhos claros e bochechas rechonchudas, o ator-mirim Brody Rose confere certa credibilidade ao pequeno Bart e às suas conturbadas memórias de infância —do abandono pela mãe aos castigos físicos e morais impostos pelo pai abusivo e violento (Dennis Quaid).

Na pele de Arthur Millard, o astro veterano Quaid surge numa performance marcada por uma dúzia de frases prontas do tipo “sonhos não pagam contas” e quase sempre acompanhadas de caretas e grunhidos indecifráveis. Nada muito diferente daquilo que se viu em “Quatro Vidas de um Cachorro” (2017).

Após a devida contextualização do passado turbulento do protagonista, o longa-metragem se transforma num road  movie misturado com jornada do herói. E agora, nitidamente, sob o prisma da religião.

Em sua estreia nos cinemas, J. Michael Finley parece sentir o peso do papel principal. A impressão é de que o vozeirão desse novato vindo dos palcos da Broadway falou bem mais alto do que seu talento para a interpretação quando o escalaram para viver Bart Millard na juventude. Falta expressão, falta emoção, falta presença, falta carisma.

Mas falta, especialmente, um bom roteiro a ser explorado. Os personagens, pouco desenvolvidos, não têm tempo para mostrar a que vieram (mal se sabe o nome dos demais integrantes da banda). O romance genérico com a amiga de infância (Madeline Carroll) não convence. Fica difícil se envolver com a trama.

E, embora as coisas aconteçam rápido demais —quem piscar corre o risco de perder a aguardada cena da composição do tal hit—, a certa altura o filme se arrasta no ritmo de uma missa entediante, com direito a discursos sobre perdão, redenção e encontro com Deus após o diagnóstico de uma doença terminal.

Daí em diante, a narrativa, que já não era tão atraente, ganha ares de pregação religiosa e afugenta de vez o espectador desavisado. O ajuste de contas entre pai e filho se desenrola numa ladainha inundada de clichês. Absolutamente previsível.

Resta, então, a essa fatia do público, esperar pela apresentação ao vivo do hit gospel de Bart Millard. A apoteose do longa é também um sinal animador de que “Eu Só Posso Imaginar” se aproxima dos créditos finais.

 
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