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música

'La Traviata' estreia no Municipal com direção segura e bom elenco

No sábado (12), com o teatro lotado, a concepção visual foi aplaudida assim que as cortinas abriram

A ópera 'La Traviata' é encenada no Theatro Municipal
A ópera 'La Traviata' é encenada no Theatro Municipal - Daniel Mansur/Divulgação
Sidney Molina
São Paulo

Escrita por Verdi (1813-1901) para estrear em Veneza em 1853, a ópera “La Traviata” está em cartaz no Theatro Municipal. Dirigida por Jorge Takla, a montagem é uma parceria com o Palácio das Artes, de Belo Horizonte.

No “Prelúdio” instrumental, interpretado com belos contrastes pela Sinfônica Municipal regida por Roberto Minczuk, o compositor aponta para os temas dos momentos que pretende enfatizar na história: a renúncia forçada ao amor e a inexorabilidade da morte.

No sábado (12), com o teatro lotado, a concepção visual foi aplaudida assim que as cortinas abriram. A monumental cenografia de Nicolás Boni – com luz de Fabio Retti e figurinos de Cássio Brasil – parte da festa na casa de Violetta (a “transviada” do título) e adapta-se com presteza às necessidades de cada ato.

A ação corre em ritmo alucinado no início, com Verdi preenchendo as elipses do texto com conexões musicais. Assim, justapõe o brinde com que Alfredo (o tenor Fernando Portari) chama a atenção de Violetta (a soprano bielorrusa Nadine Koutcher) ao nascimento da paixão avassaladora entre eles e aos sinais da doença da protagonista.

A partir do encontro de Violetta com o velho Germont (pai de Alfredo, interpretado pelo barítono Paulo Szot), no segundo ato, no entanto, a cena ralenta. Verdi usa o tempo poupado na descrição das frivolidades parisienses para esmiuçar o dilema que opõe o sentimento à persona social.

O terceiro ato é um espelho negativo do primeiro, que deságua na longa e minuciosa cena final da morte de Violetta. Sua representação da agonia parece antecipar as antológicas passagens de Tolstoi (1828-1910) sobre o tema.

Koutcher tem técnica apurada, e é atenta às transformações da personagem ao longo do drama; Portari tem a voz e o coração de Alfredo; e Szot é um Germont instrospectivo e complexo, que foi muito aplaudido após a ária “Di provenza il mar”.

Como perfeccionista do som, Minczuk equalizou vozes e instrumentos com categoria. Houve, entretanto, alguns desencaixes com o Coro Lírico na complexa parte inicial do terceiro ato.

Fez falta, também, o habitual libreto impresso para venda (foi distribuído apenas um folheto muito básico, e em quantidade insuficiente para a audiência).

A direção de Takla é segura, coerente e musicalmente sensível: é o que o Theatro Municipal precisava para retomar o caminho após um ano de incertezas.

La Traviata

  • Quando seg. (14 e 21), quar. (16 e 23), qui. (17), sex. (18) às 20h
  • Onde Theatro Municipal (Praça Ramos de Azevedo s/n)
  • Preço de R$ 20 a R$150
  • Classificação 10 anos
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