Leon Bridges canta mescla elegante de soul e R&B antes de show de Harry Styles

Discípulo de Sam Cooke e Otis Redding tempera som com pitadas de pop e eletrônica no segundo álbum

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São Paulo

O público que vai ao show da estrela pop Harry Styles na terça (29), no Espaço das Américas, tem bons motivos para chegar mais cedo: a abertura será de Leon Bridges, 28, que apresenta o soul meio gospel, meio moderno do novo álbum “Good Thing” (2018).

As raízes plantadas por Otis Redding (1941-1967) e Sam Cooke (1931-1964) ditam voz, canções e o visual do músico que, até os 21 anos, via a música como brincadeira.

Quando ainda se apresentava sob o nome artístico Lost Child, ele chamou a atenção da Columbia Records após despontar em bares de “microfone aberto” na região de Fort Worth, no Texas, onde ainda vive.

Desde então, o hype só cresce: antes mesmo do álbum de estreia, de 2015, Bridges já era apontado por gurus da imprensa musical estrangeira como “a próxima grande coisa”.

Foram três canções no top 50 da Billboard, uma delas o hit “Coming Home”, que também viralizou em plataformas de streamings, como o Spotify.

Também o ajudou ter sua música “River” inserida na trilha da série “Big Little Lies”, da HBO, que ele nunca viu —prefere “Stranger Things” e “Robot Chicken”.

O oba-oba não impressiona, diz o artista.

“Tento manter os pés no chão e ter gratidão pelo sucesso”, afirmou à Folha, ao telefone, na manhã seguinte à noite do show no Rio de Janeiro dele e de Styles, a quem elogia por ser “um cara muito eclético”.

Essa embalagem sessentista, que caiu bem em uma época marcada pelas ascensões de Charles Bradley (1948-2017) e Sharon Jones (1956-2016), foi parcialmente revista no novo álbum, “Good Thing”.

Nele, o cantor soa mais moderno e ainda mais dançante, esgueirando-se pela dance music e, em momentos, até pela música eletrônica, como em “If it Feels Good (Then it Must Be)”.

“Meu alcance vocal se expandiu, e há muito de diferente em termos de composição e harmonia”, sintetiza Bridges.

As novidades, ele explica, vêm de referências que ouviu durante a composição do trabalho, como os grupos Kool & the Gang e The Whispers.

Também pesou a mão do produtor Ricky Reed, que produziu discos de nomes como CeeLo Green, Kesha e Christina Aguilera e é tido como o responsável pelo polimento da joia soul.

A faixa de abertura, “Bet Ain’t Worth the Hand”, dá mostras dessa evolução: Bridges canta em falsete sobre uma base que poderia ser de algum sucesso de rhythm and blues radiofônico dos anos 1970 ou 1980, mas com timbres e cores típicos do pop eletrônico do século 21.

“Estou muito empolgado porque o álbum reflete onde estive, mas também aponta para onde estou indo. Quero continuar quebrando barreiras.”

Outros destaques no novo trabalho são “Forgive You”, “sobre uma reconciliação, agradecendo minha ex-namorada por me perdoar”, e “Lions”, de ambiente que cita o dub e letra que começa com “Fome é meu estado de espírito”.

Questões políticas, porém, não interessam ao artista, que esquiva pergunta sobre como é ser negro em um país governado por Donald Trump: “Não penso muito nisso, tento manter meu foco na música”.

 

Harry Styles - abertura de Leon Bridges
Terça (29), a partir das 20h (Harry Styles a partir das 21h), no Espaço das Américas (r. Tagipuru, 795). Ingressos esgotados.

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