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Livro conta trabalho controlado de habituação da onça diante de humanos

'A Onça na Cultura Pantaneira' relata experiência que se faz na Estância Caiman

Foto de Adriano Gambarini no livro A Onça na Cultura Pantaneira
Foto de Adriano Gambarini em ‘A Onça na Cultura Pantaneira’ - Adriano Gambarini/Divulgação
JOSÉ HAMILTON RIBEIRO

A Onça na Cultura Pantaneira

  • Preço R$ 99,90 (240 págs.)
  • Autor Adriano Gambarini, Laís Duarte e Mário Heberfeld
  • Editora Wildlife Conservation

Onça-pintada é o nosso maior troféu, ela também da família Panthera, só menor que o leão e o tigre dentre os grandes mamíferos carnívoros do mundo. Entre nós povoa a imaginação das pessoas, pela beleza de sua cor dourada e pela força e astúcia de sua caçada. Onde vive, da América Central até a Patagônia, não há entre os bichos quem possa com ela: é top de linha.

Os índios —que lhe deram o nome internacional, jaguar (vem do tupi ya-gwar)— a cultivam em seus rituais e pajelanças. E não há pescador ou mateiro que não saiba uma boa história de onça, geralmente mentira.

Historicamente, onça e homem no Pantanal sempre foram inimigos: um via o outro e saía correndo (no caso da onça); ou ia buscar um jeito de matá-la (no caso do homem).

A desculpa era que ela aterrorizava as pessoas ou dava prejuízo no gado. Seu único e implacável predador, o homem, nunca a deixava sossegada; assim que o via, ela sumia no mato. Essa situação está passando por uma modificação dramática e alegre no Pantanal, que é a vitrina da onça no Brasil. Haverá mais delas na Amazônia, mas lá ninguém vê, por causa da mata.

Hoje em dois ou três lugares no Pantanal, tanto no Mato Grosso de Cuiabá quanto no de Campo Grande, se você sair de carro ou de barco para ver onça, é quase certo que verá. Por causa da proibição da caça e do aumento da consciência ecológica do povo, a onça, mesmo observada por um grupo às vezes ruidoso de pessoas, não foge mais.

A mudança do status da onça-pintada no Pantanal é resultado da união de empresários criativos e pesquisadores, os quais, a partir do trabalho pioneiro de George Shaller e Peter Crawshaw, fazem observação da onça na natureza.

O livro "A Onça na Cultura Pantaneira" dá conta de uma experiência que se faz na Estância Caiman, em Miranda (MS). É um trabalho controlado de "habituação" da onça diante de humanos —nada a ver com domesticação.

O projeto Onçafari permitiu juntar os objetivos de Roberto Klabin, da Estância, com os do ex-corredor de F1 Mário Haberfeld, no sentido de conscientizar as pessoas de que onça viva vale mais que morta. Com trabalho de biólogos e guias, e de armadilhas fotográficas que permitem registrar a movimentação dos animais, hoje eles conhecem cada onça do lugar, com nome, sobrenome e endereço.

José Hamilton Ribeiro é autor do livro “Pantanal, Amor-Baguá” (ed. Moderna)
 

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