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Mercado editorial tem quarto ano seguido de retração no Brasil

Apesar dos números negativos, pesquisa mostra que crise parou de piorar e deixa chance de recuperação no horizonte

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Estantes na Livraria Martins Fontes, em São Paulo
Estantes na Livraria Martins Fontes, em São Paulo - Alf Ribeiro/Folhapress
São Paulo

Como consequência de uma crise mais forte no setor de didáticos e obras técnicas e da menor participação do governo na compra de livros, o mercado editorial brasileiro enfrentou, em 2017, uma retração de 1,9% em valores nominais.

Descontada a inflação do período, a queda em termos reais é de 4,8%. É o quarto ano seguido de retração, com faturamento de R$ 5,1 bilhões. Ao todo, foram vendidos quase 30 milhões de exemplares a menos na comparação com 2016.

Os números estão na última edição da pesquisa “Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro”, divulgada na manhã desta quarta-feira (2).

O levantamento é feito pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas econômicas), sob encomenda da CBL (Câmara Brasileira do Livro) e do Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros).

Os números são piores entre as editoras de didáticos, que viram o faturamento cair 10,4%, e daquelas de obras científicas, técnicas e profissionais, que desde 2015 vem numa forte retração —no acumulado desde então, já é de 17% o encolhimento.

As compras pelos diferentes programas de governo contribuíram para o resultado negativo, com uma queda nominal de 13% em faturamento e 15% em exemplares comprados.

“As compras governamentais oscilam em função dos programas”, diz a economista da Fipe Leda Paulani, que coordena a pesquisa.

“O Programa Nacional do Livro Didático 2018, faturado em 2017, teve seu foco no ensino médio. São livros mais caros, mas comprados em volume muito menor.”

Se está ruim, pelo menos há sinais de que o cenário ao menos parou de piorar na velocidade que vinha acontecendo. Em 2015, as vendas de livros tinham tido a pior queda desde 2002 (12,6%). No ano seguinte, a retração já havia sido menor (5,2%).

O cenário melhora um pouco quando se olha o segmento de obras gerais, que engloba ficção, não ficção e autoajuda, e os religiosos. O primeiro teve crescimento real de 3,7% no período; o segundo, 1,6%.

“O que temos visto agora em 2018 é que os dados vão melhorar. Tivemos um primeiro trimestre bastante favorável”, diz Marcos Pereira, presidente do Snel e diretor da Sextante.

Um número que chama a atenção, contudo, é o crescimento sólido, ano a ano, das livrarias exclusivamente virtuais —que já estão em quarto lugar como canal de vendas, com alta de 15% em relação a 2016. Seria um efeito Amazon no mercado nacional?

“Provavelmente”, diz Pereira. “Você tem cinco ou seis empresas que se incluiriam nessa classificação. O comércio online tem crescido. O que a gente ouve de livrarias [tradicionais] que também vendem na internet é uma migração dos clientes para esse comércio.”

A participação dos meios de venda tradicionais, porém, continua a mais importante, em livrarias (59%), distribuidoras (22%) e vendas porta a porta (5%).

A ascensão, em 2017, de diversas biografias autorizadas por personagens e livros de memórias —filão antes inédito no Brasil— se refletiu na nova edição pesquisa. Obras como “O Livro de Jô”, de Jô Soares, ou a autobiografia de Rita Lee tiveram alta de 11,4% nas vendas.

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