Descrição de chapéu
Cinema Paolla Oliveira

Mistura de Brasil e Portugal rende o melhor do modesto 'Alguém Como Eu'

Paolla Oliveira e Ricardo Pereira conseguem fazer romance funcionar, mas nada salta aos olhos

cena do filme Alguém como eu
As atrizes Júlia Rabello e Paolla Oliveira no longa 'Alguém Como Eu' - Divulgação
Marina Galeano

Alguém Como Eu

  • Quando Estreia na quinta (24)
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Paolla Oliveira, Ricardo Pereira, Julia Rabello
  • Produção Brasil, 2017
  • Direção Leonel Vieira

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De certa forma, pode-se dizer que “Alguém Como Eu” é uma comédia romântica destemida. Destemida porque não tem o menor receio de passear pelo lugar-comum; de dar as mãos para o clichê da primeira à última cena.

Nas palavras do diretor português Leonel Vieira, “um romance com humor”, sobretudo despretensioso, que se satisfaz com o rótulo de entretenimento leve e descontraído. Mas, nesse caso, a despretensão passou do ponto e redefiniu o rótulo para entretenimento rasteiro e descartável.

A vida de Helena (Paolla Oliveira) se confunde com a de qualquer outra pessoa do mundo; aquela coisa meio “sorte no jogo, azar no amor”. Apesar de jovem, rica, linda e bem-sucedida, ela sente um vazio inexplicável que a leva a largar tudo no Rio de Janeiro para aceitar uma proposta de trabalho em Lisboa.

Sem delongas —já que o filme não recusa os bordões—, um príncipe encantado de nome Alex (Ricardo Pereira) bate à porta da publicitária, e os dois engatam um namoro perfeitinho.

Mesmo a serviço de um enredo limitado, Paolla Oliveira e Ricardo Pereira até conseguem fazer o romance funcionar. O problema é que todo o entorno é tão comum que nada salta aos olhos do espectador.

De repente, algo sobrenatural acontece (ou não) e indica uma reviravolta. Claramente influenciada pela Helena (Glória Pires) de “Se Eu Fosse Você” (2006), a Helena daqui começa a enxergar o namorado no corpo de uma mulher. O ingrediente, que poderia mudar os rumos da trama, acaba mal explorado e se perde no bolo da narrativa. Um desperdício criativo.

Júlia Rabello (Joana) denuncia outro desperdício, mas de talento. Naturalmente engraçada, a atriz é a maior responsável pelas doses de humor do longa-metragem. Uma pena que seu papel se resuma ao de amiga-confidente-da-protagonista, com participações pontuais.

Produzido a partir de uma parceria entre Brasil e Portugal, “Alguém Como Eu” se preocupa em contar uma história atraente e acessível ao público médio dos dois países. Não por acaso, traz elementos das culturas brasileira e portuguesa em proporções equilibradas —dos cenários ao elenco.

A mistura rende a parte mais interessante desta comédia bastante modesta: as ambiguidades provocadas pela língua, o contraste das paisagens, os diferentes sotaques dos personagens. Ainda assim, é muito pouco para não ser digerida na mesma velocidade de um saco de pipoca.

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