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De certa forma, pode-se dizer que “Alguém Como Eu” é uma comédia romântica destemida. Destemida porque não tem o menor receio de passear pelo lugar-comum; de dar as mãos para o clichê da primeira à última cena.
Nas palavras do diretor português Leonel Vieira, “um romance com humor”, sobretudo despretensioso, que se satisfaz com o rótulo de entretenimento leve e descontraído. Mas, nesse caso, a despretensão passou do ponto e redefiniu o rótulo para entretenimento rasteiro e descartável.
A vida de Helena (Paolla Oliveira) se confunde com a de qualquer outra pessoa do mundo; aquela coisa meio “sorte no jogo, azar no amor”. Apesar de jovem, rica, linda e bem-sucedida, ela sente um vazio inexplicável que a leva a largar tudo no Rio de Janeiro para aceitar uma proposta de trabalho em Lisboa.
Sem delongas —já que o filme não recusa os bordões—, um príncipe encantado de nome Alex (Ricardo Pereira) bate à porta da publicitária, e os dois engatam um namoro perfeitinho.
Mesmo a serviço de um enredo limitado, Paolla Oliveira e Ricardo Pereira até conseguem fazer o romance funcionar. O problema é que todo o entorno é tão comum que nada salta aos olhos do espectador.
De repente, algo sobrenatural acontece (ou não) e indica uma reviravolta. Claramente influenciada pela Helena (Glória Pires) de “Se Eu Fosse Você” (2006), a Helena daqui começa a enxergar o namorado no corpo de uma mulher. O ingrediente, que poderia mudar os rumos da trama, acaba mal explorado e se perde no bolo da narrativa. Um desperdício criativo.
Júlia Rabello (Joana) denuncia outro desperdício, mas de talento. Naturalmente engraçada, a atriz é a maior responsável pelas doses de humor do longa-metragem. Uma pena que seu papel se resuma ao de amiga-confidente-da-protagonista, com participações pontuais.
Produzido a partir de uma parceria entre Brasil e Portugal, “Alguém Como Eu” se preocupa em contar uma história atraente e acessível ao público médio dos dois países. Não por acaso, traz elementos das culturas brasileira e portuguesa em proporções equilibradas —dos cenários ao elenco.
A mistura rende a parte mais interessante desta comédia bastante modesta: as ambiguidades provocadas pela língua, o contraste das paisagens, os diferentes sotaques dos personagens. Ainda assim, é muito pouco para não ser digerida na mesma velocidade de um saco de pipoca.
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