Ao descer as escadas da casa em que viveu Mário de Andrade (1893-1945) em direção ao porão, a escuridão toma conta do local. Em paredes pretas estão expostas fotografias de autoria de um dos nomes mais importantes da literatura brasileira.
O escritor paulistano produziu diversos registros em fotografia, de paisagens e de personagens. Parte da coleção está aberta ao público no Museu Casa de Andrade, em São Paulo, desde sábado (6).
Exposto em versões impressas ou digitalizadas, o acervo completo conta com mais de 2.500 fotografias e está sob domínio da USP (Universidade de São Paulo). Do total, foram selecionadas 29 para a mostra.
“O seu feitio como literato ofuscou este artista que é multidisciplinar”, diz Marcelo Tupinambá, coordenador do local.
Ele apresenta a mostra “meio exploratória” à reportagem com uma lanterna na mão e capacete de segurança.
O foco é expor o olhar do artista por meio de cenas do cotidiano com experiências estéticas. Algumas fotos, por exemplo, mostram registros feitos durante expedições.
“É tipo uma selfie de sombra”, afirma Tupinambá, sobre as fotografias nas quais o vulto de Mário surge sobre um rio amazônico a fim de mostrar a sua dimensão.
A exposição também conta com cliques de manifestações culturais do cotidiano da época, na qual ele transita entre o sépia e o preto e branco.
Uma delas, intitulada “Roupas Freudianas”, mostra lençóis balançando em um varal. Para Mário, havia ali um “movimento de espírito”.
A casa, que passou a ter o título de museu no início deste ano, tem ainda uma mostra permanente com objetos pessoais do escritor.
Mário Fotógrafo
Exposição vai até 4/8; de ter. a dom. das 10h às 18h, grátis, r. Lopes Chaves, 546, tel. (11) 3666-5803, Barra Funda, São Paulo
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