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New Orleans Jazz & Heritage Festival mantém alto nível em 49ª edição

Evento teve cerca de 500 atrações, incluindo veteranos atraindo multidões e revelações

A cantora Dianne Reeves no New Orleans Jazz & Heritage Festival
A cantora Dianne Reeves se apresenta no New Orleans Jazz & Heritage Festival - Carlos Calado/Folhapress
CARLOS CALADO
Nova Orleans

Terminou no último domingo (6) a 49ª edição do New Orleans Jazz & Heritage Festival, um dos maiores eventos musicais do mundo. A comemoração dos 300 anos da cidade, capital cultural do Estado americano da Louisiana, fazia prever muitas menções a essa efeméride durante as sete tardes de shows, mas a música acabou falando mais alto.

Atração final do festival no maior de seus 12 palcos, Trombone Shorty (hoje o músico mais popular de Nova Orleans na cena internacional) fez uma homenagem ao saxofonista Charles Neville. Ex-integrante da lendária banda The Neville Brothers, que encerrou o Jazz Fest durante décadas, ele morreu, aos 79 anos, na véspera da abertura do evento.

Shorty, 32, relembrou o convite que recebeu, ainda adolescente, para participar do grupo e chamou ao palco os músicos Cyril, Ian e Ivan Neville (irmão e sobrinhos do saxofonista) para cantarem juntos "Fire on the Bayou", um dos hits dos Neville.

Conhecida dos paulistanos por suas temporadas no clube Bourbon Street, a cantora Charmaine Neville dançou muito durante sua exuberante apresentação, no sábado. "Sei que meu pai está aqui em espírito", disse.

No dia anterior, o popular cantor Aaron Neville (desde 1977 com os Neville Brothers) já tinha levado para o palco, em seu show solo no festival, o saxofone do irmão.

Tristezas à parte, não faltaram alegria e animação durante o último final de semana. "Não sei explicar como isso aconteceu, mas este é o nosso 40º show no Jazz Fest", brincou no sábado Tony Dagradi, saxofonista do Astral Project, sensacional quarteto de jazz da cidade, que merece ser mais conhecido internacionalmente.

No mesmo palco dedicado ao jazz, a cantora Dianne Reeves se apresentou com o guitarrista e violonista carioca Romero Lubambo, que se destacou especialmente na releitura jazzística de "Corcovado" (Tom Jobim).

No domingo, enquanto Jack White entretia a plateia mais jovem com seu rock, no palco dedicado à musica negra urbana o veterano Smokey Robinson, 78, atraiu uma multidão para ouvir sucessos como "My Girl", "Get Ready" e "I Second that Emotion".

Outro veterano que não deixou por menos foi o guitarrista e cantor Buddy Guy. Aos 81, depois de eletrizar a plateia por mais de uma hora, o expoente do blues de Chicago ainda desceu do palco e foi tocar "Slippin'in" no meio dos fãs.

Como já é habitual, num festival com cerca de 500 atrações, não faltaram revelações como a talentosa cantora Quiana Lynell ou o guitarrista e cantor Mr. Sipp.

Pelo alto nível musical que o festival exibiu neste ano, sua edição de 50 anos promete uma edição para ficar na memória.

Carlos Calado é jornalista, crítico musical, autor de "O Jazz como Espetáculo" (Perspectiva) e viajou a convite do New Orleans Visitors Bureau.

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