Descrição de chapéu

'Paraíso Perdido' tem ótimas cenas musicais e um elenco afiado

Roteiro se encaixa com as músicas do lado B do brega, escolhidas pela diretora Monique Gardenberg

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Paraíso Perdido

  • Quando Estreia nesta quinta (31)
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Julio Andrade, Hermila Guedes, Erasmo Carlos, Jaloo
  • Produção Brasil, 2018
  • Direção Monique Gardenberg

Veja salas e horários de exibição.

Ao escolher como cenário uma boate de música brega, "Paraíso Perdido" faz uma delicada homenagem a um gênero musical que resiste ao tempo. Talvez porque exprima valores humanos universais em suas letras que pendem ao desencanto amoroso.

Em uma canção brega, o narrador sobrevive às adversidades. Acontece o mesmo com os personagens do sensível filme de Monique Gardenberg.

Paraíso Perdido é o nome da casa noturna de administração familiar, comandada pelo cantor veterano José, tipo sob medida para um Erasmo Carlos que leva à tela o charme rude que lhe valeu o apelido de Gigante Gentil. Outro cantor no elenco é Seu Jorge, no papel de Teylor.

Mas quem surpreende mesmo na passagem da música para a atuação é Jaloo, que interpreta Ímã, neto de José. Ele é um cantor crossdresser, o caçula paparicado do clã musical. Alguns de seus números são incríveis, e Jaloo representa com desenvoltura um papel amplo e complexo na trama.

Como em todos os filmes de sua carreira, Julio Andrade é o grande ator em cena. Como Angelo, filho de José e tio de Ímã, ele é o motor do filme. Ele tem uma filha, Celeste, interpretada por Julia Konrad, também cantora na boate.

Mais uma vez, Julio Andrade compõe um personagem intenso, que convence e cativa qualquer espectador. E canta muito. Dá até vontade de comprar discos de Angelo, caso esses existissem.

O enredo se desenrola à espera do retorno de Eva (Hermila Guedes), a mãe de Ímã, prestes a deixar a prisão depois de cumprir muitos anos de pena por assassinato. Na cadeia, mantém uma relação com Milene (Marjorie Estiano), que também irá interagir com o núcleo familiar.

Além dos ótimos números musicais no palco do Paraíso Perdido e do elenco afiado, um acerto do filme é criar um personagem que vai conhecendo aos poucos os membros da família e descobrindo seus segredos. Ele conduzirá o espectador durante a sessão.

Lee Taylor vive o policial Odair, que fortuitamente socorre Ímã de um ataque de homofóbicos na calçada da boate. Preocupado com essas agressões, que são corriqueiras, José acaba contratando Odair para um bico como segurança do lugar. E ele participará bastante dos desdobramentos da história com a chegada de Eva.

"Paraíso Perdido" é encantador, o longa mais atraente da filmografia de Monique Gardenberg, que inclui "Jenipapo" (1995), "Benjamim" (2004) e "Ó Paí, Ó" (2007).

Seu roteiro se encaixa com as músicas escolhidas por ela nesse universo musical tão popular, mas não exatamente muito famosas. É um lado B do brega, que funciona muito bem na narrativa.

O único complicador na trama é um excesso de personagens. Na parte final, o roteiro tenta enredar todos eles numa mesma história, e as conexões ficam tênues, até um pouco confusas. Mas isso não chega a afetar a agradável experiência musical e cinematográfica do filme.


17 canções de amor de 'Paraíso Perdido'

'Escalada'

 Julio Andrade cria uma versão personalíssima deste sucesso do cantor romântico Augusto César

'Doce Pecado'

Seu Jorge empresta o vozeirão a esta canção de Fernando Mendes, famoso pelo hit  'Cadeira de Rodas'

'Um Tango Para Teresa'

O clássico de Evaldo Gouveia e Jair Amorim aparece em sua versão definitiva, gravada por Angela Maria

'120, 150, 200 km por Hora'

De Roberto Carlos e Erasmo Carlos, é ouvida na gravação original, com Roberto

'Minhas Coisas'

Dono de uma dezena de hits populares, Odair José entra na trilha com este 'lado B', escrito por Rossini Pinto

'De Que Vale Ter Tudo na Vida'

Outro grande momento de Julio Andrade no palco da boate, com esta canção de José Augusto também famosa com Reginaldo Rossi

'Tá Tudo Mudando'

Faixa do álbum de Zé Ramalho dedicado a versões em português de músicas de Bob Dylan; no caso, 'Things Have Changed'

'Quem Tudo Quer Nada Tem'

Outra de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, sucesso em 1963 com Anisio Silva; no filme, interpretada por Erasmo

'You're So Vain'

 Jaloo canta uma versão em português deste clássico pop setentista de Carly Simon

'Sonhar Contigo'

Mais um sucesso de 1963, composto e gravada pelo cantor romântico Adilson Ramos, que Julia Konrad interpreta no filme

'Você Não Vê'

A segunda de Fernando Mendes na trilha, tocada em sua versão original

'Jamais Estive Tão Segura de Mim Mesma'

O momento 'toca Raul' do filme é uma canção obscura do roqueiro, gravada por Núbia Lafayette em 1972 e interpretada na boate por Jaloo 

'Não Diga Nada'

Escrita e gravada por Leonardo Sullivan em 1983, fez mais sucesso com Gilliard e ganha no filme versão de Jaloo 

'Não Creio em Mais Nada'

Julio Andrade recria esse hit de 1970 gravado por Paulo Sergio (1944-1980), na época o rival brega de Roberto Carlos

'Amor Marginal'

 A música moderninha do filme é de Johnny Hooker, cantada por Jaloo 

'Tortura de Amor'

Não poderia faltar Waldick Soriano (1933-2008), aqui em dueto de Jaloo e Seu Jorge

'Todo Sujo de Batom'

O momento mais brega do repertório de Belchior (1946-2017), recriado por Julio Andrade

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