Descrição de chapéu Cinema

Pinguim Oswaldo é esquisitão, mas cultiva amigos e vive feliz

Sucesso infantil na TV paga, animação brasileira avança para a América Latina

Cena da animação do pinguim Oswaldo, produção do Birdo Studio
Cena da animação brasileira ‘Oswaldo’, na qual um pinguim leva uma vida normal de pré-adolescente - Divulgação
Laura Mattos
São Paulo

Oswaldo é um pinguim, mas isso não vem ao caso. Ele leva uma vida normal de pré-adolescente em meio aos humanos; seus pais, inclusive, são pessoas. Come coxinha na cantina da escola, adora pizza, passa sufoco nas provas e é doido por videogames. Nerd-óculos-fundo-de-garrafa, é o esquisitão da turma, mas tem seus amigos.

Com roteiros criativos recheados de referências à cultura pop, a série de animação brasileira "Oswaldo" ficou entre os cinco programas mais vistos do Cartoon Network (crianças de 4 a 11 anos com TV paga) em 2017, mesmo tendo estreado em outubro.

Diante do sucesso dos primeiros 13 episódios, de 11 minutos cada um, o canal negociou com a produtora Birdo Studio, outros 39, que estreiam no próximo semestre, e decidiu expandir a exibição para toda a América Latina.

O criador, Pedro Eboli, 36, trabalha atualmente também no primeiro original Netflix da animação brasileira, "Cupcake & Dino - Serviços Gerais", coprodução com a canadense Entertainment One, uma das produtoras do fenômeno "Peppa Pig".

A nova série, sobre um bolinho e seu irmão dinossauro que trabalham em manutenções diversas, foi pré-produzida na Birdo e está sendo finalizada em Vancouver, para onde Eboli migrou por estes meses. Com data de estreia a ser definida, deverá entrar no ar no Brasil pelo Disney Channel ou Disney XD e pela Netflix, que a exibirá internacionalmente.

Esses personagens nonsense e de cores fortes passeiam pelos computadores dos 65 profissionais da Birdo, que ocupa três conjuntos comerciais duplex de 120 m2 cada um, na região central de São Paulo.

Em 2005, quando inaugurada, a produtora se resumia a uma salinha de 30 m2 na qual mal cabiam os dois sócios, Luciana Eguti, 42, e Paulo Muppet, 39, com seus computadores e um aparelho de fax.

Por muitos anos, permaneceu pequena, concentrada em trabalhos de publicidade, com uma ou outra produção de maior destaque, entre elas a animação do premiado curta-metragem "Tyger", de Guilherme Marcondes.

A virada se deu quando venceu a concorrência para criar as mascotes da Olimpíada e da Paraolimpíada de 2016 e desenvolver uma série com elas sobre esportes olímpicos e paraolímpicos. "Vinícius e Tom: Divertidos por Natureza" foi ao ar no Cartoon.

Além de ter as portas abertas pelo evento do Rio, a produtora deu caráter carioca a Oswaldo, apesar de ser paulistana e de ter financiamento para a série via parceria com a TV Cultura de São Paulo, que também a transmite.

É que o pinguim é a cara de seu inventor, nascido e criado em Ipanema. Ainda que seja uma ave, claro, Oswaldo é uma metáfora da sensação que Pedro Eboli tinha de ser um peixe fora d'água na infância e na adolescência.

"Foi no boom da geração saúde, do jiu-jítsu, numa cidade onde ter o corpo sarado e bronzeado sempre foi uma pressão. Eu era nerd, branquelo, jogava RPG, não tinha corpitcho sarado e não sabia jogar futebol. Isso quando ser nerd não era moda, era uma droga, ou pelo menos podia ser."

Mas "Oswaldo" não é triste, ao contrário. "Eu tinha um grupo pequeno de amigos que me entendiam, dividiam comigo a mesma cultura, as piadas e as frustrações. A série é sobre isso. Não são as crianças populares, as mais fofinhas, perfeitas e incríveis da escola, mas elas têm umas às outras", explica Eboli.

Os roteiros, isso é regra, nunca mencionam o fato de Oswaldo ser um pinguim.

Ele deve ser símbolo de alguém que, apesar de não se encaixar e de ser bem esquisito, vive feliz. O resto não vem ao caso.

Filme nacional 'Lino' se destaca no exterior e deve ganhar sequência

O longa-metragem "Lino", sobre um animador de festa que se transforma em um gato de pelúcia gigante, trilha uma carreira de sucesso no exterior, após ter estreado em setembro de 2017 em 400 salas no Brasil, o maior lançamento da animação nacional. Uma sequência já está sendo desenvolvida pela produtora, a Startanima, de São Paulo.

Produtor e diretor do filme, Rafael Ribas, 39, diz que a bilheteria brasileira foi de mais de 317 mil espectadores.

Até agora 17 países já compraram o filme, entre eles França, Itália, Coreia do Sul e China. Estreou até o momento na Rússia, em 1.200 salas (o maior lançamento de um filme brasileiro no exterior, segundo Ribas), em outros países de língua russa, como Ucrânia e Armênia, no Vietnã e na Grécia, acumulando audiência total de 725 mil pessoas.

Ribas espera chegar a 1 milhão no exterior com os próximos lançamentos, especialmente o da China, que coloca os filmes em cartaz com números naturalmente gigantes, entre 3.000 e 4.000 cópias, calcula o produtor.

No último dia 29, a produção brasileira concorreu na categoria animação dos Prêmios Platino de Cinema Ibero-Americano, no México —o vencedor foi o espanhol " As Aventuras de Tadeo 2: O Segredo do Rei Midas". 

"Lino" custou R$ 6,8 milhões e já faturou perto de R$ 9 milhões. Bela metamorfose.

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do que foi informado na matéria "Filme nacional 'Lino' se destaca no exterior e deve ganhar sequência", a entrega dos Prêmios Platino de Cinema Ibero-Americano ocorreu em abril. O texto já foi corrigido. 

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