Protesto de caminhoneiros causa queda de bilheterias e afeta audiovisual

Salas de cinema tiveram faturamento até 40% menor no fim de semana

Guilherme Genestreti
São Paulo

O cinema já colhe os primeiros frutos da crise de abastecimento. Em São Paulo, salas de exibição estão experimentando queda de público, filmagens foram paralisadas e distribuidoras estão adiando lançamentos.

Nos cinemas do Espaço Itaú, que tem salas também em cidades como Brasília, Porto Alegre e Salvador, estima-se que tenha havido uma diminuição de até 40% do público nesse fim de semana. No mesmo período, no Cine Belas Artes, na região central de São Paulo, o saldo das bilheterias foi 10% menor.

As quedas nas bilheterias também forçaram distribuidoras a adiar o lançamento de filmes. A Fênix adiou em uma semana a estreia de “Vingança”, de Coralie Fargeat. Agora, o longa está programado para 7 de junho.

Cena do filme 'Vingança', de de Coralie Fargeat, que teve a estreia adiada por causa da greve dos caminhoneiros
Cena do filme 'Vingança', de de Coralie Fargeat, que teve a estreia adiada por causa da greve dos caminhoneiros - Divulgação

Profissionais do audiovisual também enfrentam dificuldades para filmar após a crise.

O produtor de locação Eduardo Lima relata que um caminhão que deveria ter transportado material para as filmagens de um comercial ficou retido na estrada. Nesta segunda (28), outro imprevisto. “A dona de uma casa em que iríamos filmar disse que está sem gás, e a cena seria numa cozinha.”

Os mesmos imprevistos têm afetado o produtor de locação Ronei Jr. Segundo ele, as filmagens de um comercial de antialérgico tiveram de ser adiadas em uma semana. “Vários membros da equipe que viriam do interior de São Paulo não conseguiram ônibus”, conta. “Estamos vendo se trocamos os profissionais ou se mantemos a equipe. Nos dois casos, os custos sobem.”

Renata Brandão, CEO da produtora Conspiração, também estima que a crise causará "grandes impactos". 

"A indústria cinematográfica depende de insumos para a realização de filmes, de gasolina para o transporte, para os geradores que iluminam os sets, para levar comida às equipes", diz ela. "O impacto ainda está baixo, mas se a paralisação continuar teremos de adiar filmagens e projetos."

Por enquanto, segundo Brandão, a produtora tem conseguido racionar o que é possível. "Mas estamos perto do limite", afirma. "Ainda não conseguimos calcular os impactos financeiros, mas serão grandes."
 

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