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'Queremos show de graça o ano todo', diz a rapper Flora Matos em apresentação na Virada

Cantora destacou músicas de seu novo álbum, 'Eletrocardiograma'

Mariana Vick
São Paulo

A voz potente de Flora Matos poderia ensurdecer o Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso, na zona norte de São Paulo, se não fosse o público, que cantava mais alto.


Encerrando a primeira noite de shows da Virada Cultural no CCJ, neste sábado, a rapper brasiliense demonstrou carisma e domínio de palco, interagindo sem parar com a plateia de cerca 200 pessoas.


Na apresentação, que começou pontualmente, às 22h, Flora deu destaque às músicas de “Eletrocardiograma”, seu primeiro álbum de estúdio, lançado no ano passado.


A intimidade com o palco explica-se pelos anos de carreira, iniciada em 2007, antes das parcerias com as gravadoras. Uma das primeiras MCs do país, Flora já cantou ao lado de figuras como Racionais MC’s e fez shows no Brasil e na Europa.


Quando cantou “Pretin”, single de 2011, o público sabia acompanhar palavra por palavra.


“Vou cantar uma música que eu não deveria, mas mesmo assim quero cantar”, disse, antes de engatar seu single mais recente, “Preta da Quebrada”.


A música --que, segundo Flora, é autobiográfica-- rendeu à cantora acusações de ser “afroconveniente”, termo que descreve uma pessoa branca que, quando considera cômodo ou favorável, reivindica para si uma negritude que não tem.


Meses atrás, quando apareceram as críticas, Flora desculpou-se com os fãs nas redes sociais, dizendo que acha preto “a cor mais linda desse mundo” e que “tomaria mais cuidado com seu lugar de fala”. Na Virada, não houve reação negativa à música.


 

Mulherão


Em certo momento entre as músicas, Flora Matos afirmou que o melhor momento do ano é a Virada Cultural. “Não é todo dia que a gente pode ir para a boate e fazer o show que a gente quer”, disse.

“Queremos show de graça o ano inteiro em São Paulo.”


Para fãs que estavam no evento, a cantora consegue conquistar o público por ser humilde e autêntica com as pessoas. “Linda, simpática, carismática”, disse a estudante Mariana Barros, 16. “Não é dessas artistas que chegam, cantam e vão embora.”


“Um mulherão da porra”, afirmou a estudante Letícia Ferreira, 17. Ela e a amiga Isabela Sampaio, 21, que moram na zona norte, disseram não estar lá pela comodidade da localização do CCJ, mas por causa de Flora, de quem são fãs desde antes da Virada.


As meninas esperavam a cantora para fotos no fim do show. Depois de uma hora de apresentação, Flora passou vinte minutos atendendo ao público. “Gente, escolham só as melhores para o Instagram, tá?”, brincou.

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