Recrutado por Madonna, pianista brasileiro tocou em show surpresa no Met Gala

João Ventura, 32, também foi 'adotado' por Toquinho, que vê 'habilidade extraordinária' no jovem

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São Paulo

Quando Madonna escala o piano preto no Met Gala, é o brasileiro João Ventura quem toca e a observa.

O show era surpresa; até minutos antes da festa, poucos sabiam que ela cantaria “Like a Prayer”, uma nova canção aparentemente chamada “Beautiful Game” e “Hallelujah”, de Leonard Cohen (1934-2016).

“Foi tudo muito rápido; ela me chamou para um evento repleto de segredo”, diz Ventura, 32, que soube que ia ao Met Gala apenas quatro dias antes da festa.

Tudo começou há um mês e meio, quando o pianista brasileiro de Aracaju (SE) foi visto e ouvido pela diva pop durante um show em Lisboa.

A cantora vive na capital lusitana desde 2017, e Ventura —conhecido como Jotinha por familiares e amigos— desde 2015 estuda artes musicais em doutorado na Universidade Nova de Lisboa.

Sua pesquisa une a música erudita e a popular em peças intituladas “Contrapontos”; não são meros pot-pourris, mas arranjos originais que preservam a memória melódica.

Os resultados podem ser impactantes, como no combinado de Beethoven (“Sonata ao Luar”) e Tom Jobim e Vinicius de Moraes (“Insensatez”), ou em outro que contrapõe o compositor russo Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908) e o “rei do brega” Reginaldo Rossi (1944-2013).

“Música é música, não consigo dissociar; a única diferença que aceito é sobre ser bem-feita ou não. O resto é bobeira”, ele diz.

Foi a capacidade de unir extremos aparentemente opostos que chamou a atenção da diva, ele diz.

Ventura tocava um de seus “Contrapontos” quando foi recrutado por Madonna, que bebericava.

A americana teria enxergado na dicotomia musical dele um paralelo com a relação entre moda e religião que serviu de tema à festa de gala no Metropolitan Museum, em Nova York, ao encontro da mostra “Heavenly Bodies”, em cartaz no museu.

Ventura tem ligações familiares com a música: seu avô foi João Mello (1921-2010), ex-executivo da Philips e depois da Som Livre que lançou Jorge Ben Jor (então ainda Jorge Ben) e Djavan nos anos 1960 e 1970.

E os pais, “músicos por hobby”, deram apoio incondicional à carreira do filho pianista que, desde os 4 anos, gostava de brincar ao piano.

O inusitado, agora, joga a favor dele. Foi tocando o mesmo híbrido “Insensatez - Sonata ao Luar” que cativou Madonna que ele foi descoberto por outro ícone, desta vez da MPB: o compositor e violonista brasileiro Toquinho.

“Ele me viu em um show e perguntou se eu me importava em tocar com ele”, diverte-se o jovem. “Falei: 'meu irmão, como a pessoa vai se importar de tocar com você?'.”

O mestre não economiza na réplica:

“João é um jovem que reúne qualidades musicais muito inovadoras. Compõe, canta e é um virtuose ao piano, com uma habilidade que eu nunca tinha visto. Performático, um showman”.

Juntos, eles têm feito shows em Lisboa, Coimbra e Porto. E vão seguir se apresentando, inclusive em Aracaju, a terra natal de Ventura, onde fazem show em setembro.

E o pianista prepara dois novos discos: um com seus “Contrapontos”, e outro com composições suas.

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