Veteranos da bossa nova fazem primeiro show juntos, no Sesc Pinheiros

Roberto Menescal, Carlos Lyra, João Donato e Marcos Valle dividem palco a partir desta sexta

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São Paulo

Chega a surpreender. Quatro nomes da música que sustentaram a criação da bossa nova nunca haviam feito um show juntos, em mais de 50 anos de carreiras intensas e interligadas.

Roberto Menescal, 80, Carlos Lyra, 78, João Donato, 83, e Marcos Valle, 74, finalmente dividem um palco neste fim de semana. As apresentações no Sesc Pinheiros, em São Paulo, terão sequência em agosto, no Rio.

A reunião do quarteto ao vivo deveria ter acontecido há dez anos, quando eles gravaram “Os Bossa Nova”, álbum que celebrava o cinquentenário do movimento. Mas a impossibilidade de conciliar as agendas impediu que um show fosse realizado.

“A ideia do disco era ter todo mundo tocando em todas faixas”, recorda Valle, dando entrevista à Folha entre dois ensaios para os shows.

Marcos Valle (à esq.), Roberto Menescal, Carlos Lyra e João Donato, que fazem shows juntos no Sesc Pinheiros
Marcos Valle (à esq.), Roberto Menescal, Carlos Lyra e João Donato, que fazem shows juntos no Sesc Pinheiros - Divulgação

“Naquela época, escolhemos o repertório, com coisas nossas, algumas do Tom, além de músicas novas. Um disco simples, informal, já com a ideia de um dia tocar ao vivo. O show não saiu, porque felizmente todo mundo trabalha muito.”

“Vamos juntar finalmente os quatro tenores”, brinca Menescal. “A gente se cruzou muito, teve show de uma dupla pra cá, outra dupla pra lá, mas todo mundo junto não tinha rolado.”

O encontro veio do trabalho de relançamento internacional do disco. A nova versão sai no segundo semestre e terá duas faixas novas: “Último Aviso”, de Donato e Valle, e “Sambeando”, de Menescal e Lyra.

Na gravação, em março, veio a decisão de fazer show de qualquer maneira.

O repertório ao vivo contempla as canções do álbum e será complementado por clássicos imbatíveis.

“Colocamos alguns do nossos medalhões”, conta Valle. “Tem meu ‘Samba de Verão’, o ‘Barquinho’ do Menescal, ‘Minha Namorada’ do Carlinhos, uma ‘Bananeira’, do Donato.”

Mas, depois de tanta estrada, ainda precisam ensaiar? Menescal afirma que uma boa parte acaba saindo no improviso, mas é importante ensaiar para entrosar os músicos que tocam com eles: Jessé Sadoc (trompete e flugelhorn), Dirceu Leite (sax e flauta), Jefferson Lescowitch (baixo) e Renato Massa Calmon (bateria). “Se fosse apenas os quatro, a gente até se sairia bem sem ensaio.”

Tanto tempo depois, eles testemunham a bossa nova ainda forte. “Pegou as gerações novas lá fora. DJs da Europa, do Japão, isso adicionou outras gerações ao interesse pela bossa. Você vê as influências no rock inglês, no eletrônico. Jay-Z e Kanye West pegaram músicas minhas para usar”, diz Valle.

Menescal cita a renovação da bossa nova no Japão. “Quando estive lá, há dois anos, trouxe 38 discos só de cantoras que se dedicam ao gênero. A toda hora chegava uma japonesinha muito tímida para entregar a mim seu disco de bossa nova.”

O relacionamento deles vai além das afinidades estilísticas. “No tempo da bossa nova a gente estava junto toda semana. Hoje cada um tem sua vida, mas ainda somos grandes amigos, torcemos um pelo outro”, diz Valle. “Tenho uma admiração enorme por eles. Tenho um respeito por esses caras que eu ainda não consegui perder”, brinca Menescal.

 

Os Bossa Nova
Sexta (11), às 21h; sábado (12), às 21h; e domingo (13), às 18h. Sesc Pinheiros, r. Paes Leme, 195. R$ 18 a R$ 60, pelo site do www.sescsp.org.br  ou nas bilheterias das unidades do Sesc. 10 anos.

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