Descrição de chapéu

Com Amy Schumer, comédia 'Sexy por Acidente' recai na pieguice da autoajuda

Filme sobre mulher acima do peso que se enxerga como top model boicota suas aspirações

Marina Galeano

Sexy por Acidente (I Feel Pretty)

  • Quando Estreia nesta quinta (28)
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Amy Schumer, Michelle Williams e Rory Scovel
  • Produção EUA, China, 2018
  • Direção Abby Kohn e Marc Silverstein

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Mistura de comédia e autoajuda, "Sexy por Acidente" vacila nas duas direções. A proposta de fazer crítica bem-humorada sobre padrões estéticos inatingíveis não se sustenta nem no riso nem na suposta injeção de amor-próprio.

De início, é preciso livrar a barra de Amy Schumer, estrela do filme. A comediante americana acrescenta doses significativas de graça a uma personagem que sofre nas mãos de um roteiro acomodado.

Os deslizes, então, caem nas costas dos diretores Abby Kohn e Marc Silverstein, também responsáveis pelo script. A dupla já havia trabalhado em outras produções do gênero, como "Idas e Vindas do Amor" (2012) e "Ela Não Está Tão a fim de Você" (2009).

A história de Renee (Schumer) parece buscar inspiração nas primeiras páginas de "O Diário de Bridget Jones" (2001). Uma mulher em guerra contra a balança que se mata nas aulas de spinning para caber na minissaia. Mas a (anti)heroína de "Sexy por Acidente" tem um quê de melancólica e é bem menos carismática do que a de Zellweger.

Cansada de se sentir invisível em uma sociedade que valoriza a barriga "negativa", Renee recorre ao sobrenatural. Motivada pelo clássico "Quero Ser Grande", ela vai a uma fonte e joga a moeda que lhe transformará em beldade.

Por sorte, o longa resiste à solução barata e escolhe um viés que lembra "O Amor É Cego" (2001), mas sem apelar aos efeitos visuais que multiplicaram as medidas de Gwyneth Paltrow.

Ao recobrar a consciência depois de bater a cabeça, Renee passa a se enxergar como uma top model. Embora nada tenha efetivamente mudado em sua aparência, ela se enche de segurança, conquista o emprego que sonhava e dois pretendentes de respeito.

Essa alteração da autoimagem poderia embalar a tal crítica bem-humorada que o filme propõe. Entretanto, da maneira como a narrativa se desenrola, o bolo desanda quase por completo --a força de Schumer e a atuação divertida de Michelle Williams salvam parte da receita.

O empoderamento feminino e a autoconfiança surgem às custas de um argumento tosco: um tombo feio na academia. O banho de autoestima da protagonista vem acompanhado de atitudes ridículas e grosseiras que apenas reforçam os estereótipos e os preconceitos criticados na tela.

As piadas nem sempre fazem rir. E o desfecho piegas --"você é tão bonita quanto pensa que é..."-- parece campanha de marca de sabonete.

Apesar das intenções nobres, "Sexy por Acidente" se perde pelo caminho e acaba boicotando suas próprias mensagens e aspirações.

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