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Curador do Prêmio Jabuti pede demissão após polêmica nas redes sociais

Discussão entre Luiz Armando Bagolin e autores críticos ao prêmio gerou indignação no meio literário

Luiz Armando Bagolin, que pediu demissão da curadoria do Jabuti
Luiz Armando Bagolin, que pediu demissão da curadoria do Jabuti - Greg Salibian/Folhapress
Mariana Vick
São Paulo

O curador do Prêmio Jabuti, Luiz Armando Bagolin, pediu demissão do cargo na manhã desta sexta-feira (15) após se envolver em polêmica com profissionais críticos às mudanças que ele realizou no prêmio

Em carta aberta, Bagolin afirmou que, em 60 anos de Jabuti, profissionais do mercado editorial se acostumaram a ditar as regras do troféu literário e que acha isso um erro.

"O que realmente importa em minha divergência é alertar para o fato de que há indivíduos que estão agindo contra o novo projeto apenas para defender interesses pessoais e comerciais", escreveu ele.

Em seu segundo mandato à frente do troféu, Bagolin reduziu as 29 categorias do Jabuti a 18 —o que incluiu a fusão de obras infantis em juvenis em um grupo só. As duas categorias de ilustração para cada uma das áreas também viraram uma, que não é específica para obras voltadas a jovens e crianças. 

Desde maio, quando foram divulgadas, as medidas receberam críticas imediatas de artistas e escritores da cena infantojuvenil.

Eles afirmam que o novo regulamento desvaloriza a ilustração como linguagem e que livros para crianças e para jovens têm públicos e objetivos diferentes, o que não permite que sejam comparados numa competição.

A última crítica foi um artigo escrito na terça (12) pelo produtor cultural Volnei Canônica, que pedia a readmissão das categorias de ilustração infantil e juvenil. Após a publicação do texto, Bagolin insinuou nas redes sociais que o autor era contra as mudanças no prêmio por "defesa indefectível" de seu marido, o ilustrador e autor de livros infantis Roger Mello.

Desde então, Bagolin foi criticado por ter direcionado o debate para assunto de âmbito pessoal. Ele também foi acusado de homofobia por Mello e Canônica. Os dois tiveram o apoio de outros profissionais do meio, que manifestaram indignação com o prêmio as redes sociais.

"Com a minha saída, a CBL [Câmara Brasileira do Livro, entidade que organiza o prêmio] ficará mais à vontade para defender ou não o novo formato do Jabuti que ajudei a formatar", disse Bagolin à Folha.

Procurada, a CBL afirma que reconhece e agradece o trabalho de Bagolin nos últimos dois anos. Também diz que ele não será substituído. Sem Bagolin, o conselho curador do Jabuti fica composto por outras quatro pessoas.

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