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Documentário mostra luta da família para manter viva a memória de G.G. Allin

Celebridade do rock alternativo, punk foi um dos mais polêmicos e odiados artistas

Arleta Baird e Merle Allin em cena do documentário The Allins, exibido no festival In-Edit
Arleta Baird e Merle Allin em cena do documentário 'The Allins', exibido no festival In-Edit - Anders Löfstedt/Divulgação
André Barcinski

The Allins

  • Quando Neste sábado (16), às 18h
  • Onde Em cartaz na mostra In-Edit Brasil, na Cinemateca Brasileira - Sala Petrobras
  • Produção Dinamarca, 2017
  • Direção Sami Saif

G.G. Allin foi um artista dos mais polêmicos e odiados. Sua música era brutal, um punk rock explosivo, com letras sobre violência e morte. Suas performances no palco o tornaram uma celebridade no mundo do rock alternativo: Allin costumava se cortar com cacos de vidro, batia a cabeça no chão e cometia atos repulsivos de escatologia.

Foi preso várias vezes —por agressão ou atentado ao pudor— e chocou o público com aparições em programas sensacionalistas da TV americana, onde se dizia “o Messias” e aterrorizava pais prometendo “liderar seus filhos numa revolução contra o governo, a polícia, a igreja e a sociedade”.

Em 28 de junho de 1993, em um show em Nova York, G.G esmurrou um cara na plateia e uma briga violenta degenerou por todo o clube. A polícia chegou e prendeu um monte de gente. Mesmo pelado, o cantor saiu pela porta da frente e andou por quatro quarteirões até a casa do líder da banda Genocide, Jimmy Puke (Jimmy Vômito). Quatro horas depois, G.G., ou melhor, Kevin Michael Allin, estava morto de uma overdose de heroína. Tinha 36 anos de idade.

Vinte e cinco anos depois de sua morte, a lenda de G.G. Allin só cresce. E o maior responsável é o irmão mais velho de G.G., Merle Allin. Merle tem 64 anos e vive de vender discos, cartazes, camisetas, pinturas e objetos pessoais do falecido. Também lidera a Murder Junkies, banda que acompanhava G.G. em seus últimos dias.

O documentário “The Allins”, atração do festival In-Edit, mostra o dia e a dia de Merle e da mãe, Arletta, e como eles lutam para manter viva a memória de G.G. Allin. 

A história da família Allin é impressionante: o marido de Arletta, Merle, era um fanático religioso. A família morava numa cabana sem luz de uma área remota de New Hampshire, nordeste dos Estados Unidos. Merle era um homem violento e sádico, que espancava Arletta e as duas crianças, Merle Jr. e o caçula, que batizou de Jesus Christ Allin. Cansada da brutalidade do marido, Arletta fugiu com as duas crianças e depois mudou o nome do caçula para Kevin.

O filme conta a história de Kevin, como ele se tornou G.G., e relata suas incontáveis brigas com a lei. Mas o tema principal é como a família de Kevin lida com sua ausência. Merle leva uma confortável vida de classe média: tem uma casa bonita e asseada, e ganha tortas de presente da vizinha. Já Arletta é uma senhora pacata e triste, que passa os dias espantando fãs que vão urinar no túmulo do filho. “Eu amo Kevin, mas odeio G.G.”, diz Arletta.

“Bonito” e “carinhoso” não são adjetivos comumente associados a G.G. Allin, mas esse filme consegue extrair emoção e ternura de um tema dos mais sombrios. No fundo, é uma história de amor: o amor de um irmão e de uma mãe por um homem que deixou um rastro de violência e conflito, mas também deixou saudades e boas lembranças.

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