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Às vezes o convite não é dos melhores, mas a companhia vale o programa morno. Essa espécie de lei da compensação se aplica à comédia romântica "Do Jeito que Elas Querem".
Embora conduzido por uma narrativa pouco engenhosa, o público estará muito bem acompanhado nos cinemas. Diane Keaton, Jane Fonda, Candice Bergen e Mary Steenburgen, atrizes icônicas do século 20, dão um belo upgrade ao filme dirigido pelo estreante Bill Holderman —que divide o roteiro com Erin Simms.
Lindas, divertidas, poderosas e esbanjando vitalidade, as estrelas se reúnem em uma história que bate na mesma tecla de tantas outras produções: é possível ser feliz aos 60, 70, 80, 90 anos.
Michael Douglas, Robert De Niro, Morgan Freeman e Kevin Kline experimentaram algo semelhante em "A Última Viagem a Vegas" (2013). O britânico "Acertando o Passo" (2018), com Imelda Staunton, Celia Imrie e Timothy Spall, também levantou essa bandeira.
O que muda é o enfoque. Após empurrãozinho inusitado, quatro amigas bem-sucedidas e de personalidades muito distintas redescobrem os prazeres da carne.
Todo mês, Vivian (Fonda), Diane (Keaton), Sharon (Bergen) e Carol (Steenburgen) se encontram em algum sofá de Los Angeles em um clube do livro. O escolhido da vez, "50 Tons de Cinza", best-seller apimentado de E. L. James, desperta o imaginário sexual da mulherada e funciona de gatilho para aventuras amorosas (ou não) do quarteto.
Ainda que imersas na previsibilidade, as subtramas são cativantes e encorpadas por Andy Garcia (Mitchell, piloto galã de voz rasgada), Don Johnson (Arthur, conquistador espirituoso), Craig T. Nelson (Bruce, aposentado em crise de identidade) e Richard Dreyfuss (George, habitué de aplicativos de paquera).
O texto solto, leve e descontraído ajuda a arrancar risadas da plateia. Mas é preciso admitir que, com esse elenco, até piadinhas onipresentes sobre viagra e membros rígidos soam menos tediosas.
A atmosfera remete à filmografia de Nancy Meyers —diretora de "Simplesmente Complicado" (2010), "O Amor Não Tira Férias" (2006)" e "Alguém Tem que Ceder" (2004).
Mas o longa de Holderman perde pontos ao empacar num lugar comum rodeado de cafonices típicas do gênero. Adivinhar o desfecho preciso de cada história não requer prática nem habilidade.
O final feliz está logo ali depois da curva dos desencontros (quase) irremediáveis.
Mas, convenhamos, neste caso existem grandes chances de ser exatamente isso o que o espectador procura ao chegar ao cinema.
Sem crise.
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