Descrição de chapéu
Cinema

Mortes sádicas não sustentam sequência medíocre de 'Os Estranhos'

O enredo é tão parecido com o do primeiro filme que chega a irritar

Cena do filme 'Os Estranhos: Caçada Noturna'
Cena do filme 'Os Estranhos: Caçada Noturna' - Brian Dogulas/Divulgação
Thales de Menezes

OS ESTRANHOS: CAÇADA NOTURNA (THE STRANGERS: PREY AT NIGHT)

  • Quando Estreia nesta quinta (7)
  • Classificação 16 anos
  • Elenco Christina Hendricks, Bailee Madison, Martin Henderson
  • Produção EUA, 2018
  • Direção Johannes Roberts

Assistir a “Os Estranhos: Caçada Noturna”, que chega aos cinemas brasileiros, pode provocar a vontade de rever “O Massacre da Serra Elétrica”, de 1973. Já que a ideia é ver uma família atacada no meio de uma viagem por um grupo de assassinos sádicos, por que não ir direto à fonte?

São incontáveis os filmes que seguem essa fórmula. “Os Estranhos”, de 2008, mostrava um casal de namorados numa casa de veraneio invadida por um trio de mascarados. Sem motivo aparente, os malvados querem assustar, torturar e matar os pombinhos.

A produção era barata, contando apenas com a então famosa Liv Tyler no papel da mocinha, e o filme rendeu nas bilheteiras surpreendentes nove vezes o seu orçamento. Dez anos depois, a necessidade de ganhar dinheiro gerou essa continuação, que é praticamente uma refilmagem.

De novo, apenas um nome conhecido no elenco: Christina Hendricks, a Joan da série de TV “Mad Men”. Mas seu papel é pequeno. Talvez ela tenha percebido que o filme não ia num bom caminho e pedido para dar o fora do set.

O enredo é tão parecido com o do primeiro filme que chega a irritar. Desta vez é uma família, de pai, mãe e um casal de filhos adolescentes, que decide pernoitar num condomínio de casas de veraneio no meio de uma viagem.

Eles chegam ao local já tarde da noite e não encontram ninguém. O tio dos garotos, que é dono do lugar, deixa para eles uma carta na recepção, com a chave de um chalé. Poucos minutos vão passar até que a família seja importunada pelos psicopatas mascarados, um homem e duas mulheres.

O que acontece depois é a manjada sucessão de ataques, com pais e filhos espalhados em fuga desesperada. E, claro, os malucos homicidas parecem estar sempre um passo à frente de suas presas. Tudo cai no clichê de descobrir quem será o próximo a morrer.

Nos anos 1970, criar personagens que matavam os outros por puro prazer, motivados apenas por um desejo incontrolável de fazer o mal, era algo inovador. Sem roubos, sem recompensas, sem planos de vingança. Matar por matar, simples assim.

Cinco décadas depois, continuar com esse tipo de personagem é pura preguiça. Acaba transformando o enredo do filme em um videogame maçante. Numa cena, alguém morre esfaqueado. Cinco minutos depois, uma cabeça explode com um tiro. A seguir, outra pessoa é esmagada por algo bem pesado. E por aí vai.

Um cardápio de mortes sádicas é muito pouco para sustentar um filme. Mas nos cinemas americanos, cada vez mais frequentados por adolescentes fãs de balada do que por cinéfilos, uma mediocridade como “Os Estranhos: Caçada Noturna” vai bem na bilheteria. Deve virar franquia.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.