Peça aborda vida feminina pelo viés do fracasso e das burocracias da sociedade

'Deadline' estreia em São Paulo nesta segunda-feira

Peça aborda vida feminina pelo viés do fracasso e das burocracias da sociedade
Peça aborda vida feminina pelo viés do fracasso e das burocracias da sociedade - Vitor Vieira/Divulgação
MLB
São Paulo

Elas são duas desajustadas. Não sabem se relacionar socialmente, têm dificuldades até em secar os cabelos e veem na atenção do gerente do banco, apenas interessado em sua comissão, um flerte amoroso inexistente.

As protagonistas de “Deadline”, espetáculo escrito por Priscila Gontijo, que estreia nesta segunda (11) na Oficina Cultural Oswald de Andrade, não são exatamente o ideal feminino que se almeja.

“Na dramaturgia, é incomum mulheres que não se adequam, como nesta peça. A mulher, para ser aceita, tem sempre que ser a heroína, a vencedora, a batalhadora. O fracasso é um privilégio masculino”, diz Fernanda D’Umbra, que dirige a montagem.

Na dramaturgia, com tons de absurdo, a atriz Guta (Maria Fanchin) e a roteirista Nicky (Nicole Cordery) se encontram num laboratório durante um exame ginecológico.

Uma escuta a conversa da outra na cabine ao lado e, de forma torta, acabam se aproximando. Guta passa por uma crise afetiva (criou até um grupo de WhatsApp no qual reúne todos os possíveis pretendentes). Nick está numa tribulação profissional (ninguém gosta do que escreve, diz). 

As duas, a seu modo, se reconhecem em seu desajuste e na dificuldade em lidar com as burocracias sociais. 

“É uma burocracia comportamental, como a que a gente vive hoje, no amor, nas relações profissionais. A forma como se espera que a gente se comporte é muito burocrático”, afirma a diretora.

Esse sistema é representado por personagens masculinos: o gerente do banco, o diretor, o namorado —todos interpretados pelo mesmo ator, Eduardo Guimarães.

Para retratar a assepsia desse mundo burocrático, impenetrável, o cenário e o figurino são compostos de plástico, com vestes feitas de plástico-bolha de cores diversas. 

Já a mobília é toda representada por cubos infláveis, nos quais o elenco se apoia, reproduzindo a instabilidade de Guta e Nicky. 

“Eles não dão estabilidade”, explica D’Umbra. “É impossível, para os atores, se sentirem à vontade nesse cenário. Porque as personagens estão desconfortáveis no mundo.”

Deadline

  • Quando Seg. a qua., às 20h (exceto dia 9/7, às 18h). Até 25/7 (não haverá sessão em 17/7).
  • Onde Oficina Cultural Oswald de Andrade – teatro anexo, r. Três Rios, 363
  • Preço Grátis
  • Classificação Livre
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