Descrição de chapéu

'Alguma Coisa Assim' é experiência sensorial inquietante e quase vertiginosa

Longa acompanha encontros e desencontros dos dois amigos inseparáveis

Marina Galeano

'Alguma Coisa Assim'

  • Quando Estreia nesta quinta (26)
  • Classificação 16 anos
  • Elenco Caroline Abras e André Antunes
  • Produção Brasil, Alemanha, 2018
  • Direção Esmir Filho e Mariana Bastos

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2006. Caio e Mari peregrinam pela rua Augusta, à procura de uma balada. Em meio às luzes coloridas de um inferninho qualquer, os adolescentes descobrem a boemia paulistana e, acima de tudo, suas próprias inquietações.

Essa história começou a ser contada (e filmada) no curta-metragem “Alguma Coisa Assim” (2006) —de Esmir Filho e co-direção de Mariana Bastos—, premiado no Festival de Cannes daquele ano.  

Os encontros e desencontros dos dois amigos inseparáveis, habilmente interpretados por Caroline Abras e André Antunes, ganham novos capítulos a partir desta quinta-feira (26), em um longa homônimo assinado pela mesma dupla de diretores.

2016. Caio e Mari se reaproximam em Berlim. Ele já casou, já separou. Ela segue convicta de sua solteirice. Uma década depois, muita coisa mudou. Outras não vão mudar nunca.

E o mais interessante é que a progressão temporal transborda da ficção, pois o filme costura cenas rodadas em três épocas distintas, que representam momentos marcantes na vida sempre entrecruzada dos personagens.

Aquela rua Augusta vibrante e iluminada deixou de existir; as discussões sobre temas como sexualidade e relacionamento evoluíram; os atores amadureceram e seguiram rumos diferentes. Caroline Abras deslanchou na carreira, e André Antunes virou psicólogo, mas topou voltar ao papel.

As inúmeras transformações desenroladas ao longo de dez anos —seja na paisagem ou nas pessoas— se revelam por meio de uma narrativa não-linear, que amarra passado e presente de maneira fluida e criativa e é embalada por uma linguagem bastante peculiar.  

O plano fechado aparece com frequência, ampliando na tela olhares desconcertados, sorrisos frouxos, mãos e pés entrelaçados. Toda a cumplicidade e complexidade de uma relação que não admite rótulos (aliás, o filme levanta bandeira contra qualquer tipo de rótulo).  

Determinadas situações chegam à plateia através das reações viscerais dos protagonistas, geralmente acompanhadas de uma trilha sonora atordoante e da movimentação insistente da câmera.

Afora os excessos, o resultado final de “Alguma Coisa Assim” é uma experiência sensorial inquietante e quase vertiginosa, em que os espectadores são convocados a compartilhar das angústias de Caio e Mari. E, talvez, a esbarrar nas suas próprias aflições.

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