Um dos assuntos mais comentados dos bastidores da moda é o anúncio inesperado da Chanel de que faturou quase R$ 40 bilhões em 2017. Seria mais um número polpudo do mercado de moda não fosse o fato de que a controladora, a família Wertheimer, nunca revelou cifras da marca fundada por Coco Chanel (1883-1971), em 1910.
Os motivos não foram expostos, porém, aventa-se a marcação de território diante da concorrência e a tentativa de acabar com os rumores sobre uma suposta defasagem no faturamento após a ascensão do grupo Kering, dono de Gucci e Balenciaga.
Nos corredores dos desfiles internacionais pairava a dúvida sobre se a grife realmente era tudo isso. Principalmente porque sempre manteve o estilo mulher-cool-de-tailleur desde a contratação de Karl Lagerfeld, em 1983, enquanto as outras mudavam ao sabor das tendências da estação.
O timing foi esperto. No dia 21 de junho, quando o comunicado saiu, sua maior concorrente, a Louis Vuitton, do grupo LVMH, desfilou a primeira coleção masculina da gestão de Virgil Abloh, designer de moda "streetwear" que é adorado pelos jovens e promessa para sacudir o mercado.
Entre setembro e outubro, na semana de Paris, um dos estilistas mais rentáveis da atualidade e criador do look skinny, Hedi Slimane (ex-Dior e ex-Saint Laurent), estreará na marca Céline, da LVMH. Deverá peitar o reinado da dupla Pavlovsky-Lagerfeld, presidente e estilista da Chanel.
O último fator, esse inevitável, é o tempo. Aos 84, Lagerfeld vem preparando o terreno para uma despedida na grife, que, sem ele, pode perder a liderança centenária. PD
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