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Com AT&T, HBO vai ser mais abrangente, diz supervisor

Em reunião, executivo estimula aumento da produção em modelo à la Netflix

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Drogon, um dos dragões de Daenerys Targaryen, faz um estrago na sétima temporada de ‘Game of Thrones’, da HBO Divulgação
Drogon, um dos dragões de Daenerys Targaryen, faz um estrago na sétima temporada de ‘Game of Thrones’, da HBO Divulgação - AP
Edmund Lee e John Koblin
Nova York | The New York Times

Nova York Haverá mudanças na HBO, agora que ela se tornou parte da AT&T. Isso ficou bem claro para os 150 funcionários da empresa que participaram de uma reunião na sede da rede, em Manhattan.

O principal palestrante foi John Stankey, veterano executivo da AT&T que agora supervisiona a HBO, em seu novo papel como presidente-executivo da Warner Media. 

Durante uma hora de conversa franca, da qual o New York Times obteve uma gravação, ele traçou as linhas gerais do que pretende para a rede e avisou que os próximos meses não serão fáceis. “Haverá muito trabalho e uma ligeira mudança de direção”.

Os executivos da AT&T tentaram dizer a coisa certa, durante o longo prelúdio para a aquisição da Time Warner pela empresa, em uma transação de US$ 85,4 bilhões [R$ 325,6 bilhões] concluída em junho. 

Admitiram que a cultura empresarial da gigante das telecomunicações de Dallas era diferente da de organizações de mídia e entretenimento de Nova York e da Califórnia.

Prometeram não interferir demais com a joia da coroa da empresa, a HBO, que conquistou incontáveis prêmios Emmy, enquanto lucrava bilhões.

Mas a reunião no HBO Theater indicou que a AT&T não será um controladora passiva.
Richard Plepler, o gregário e cortês presidente-executivo da HBO, foi o anfitrião da conversa. Plepler, 58, e Stankey, 55, sentaram-se ligeiramente de frente um para o outro no modesto palco do auditório. 

Durante a conversa, iniciada ao meio-dia de 19 de junho, Stankey jamais pronunciou a palavra “Netflix”, mas deu a entender que a HBO teria de se tornar mais parecida com a gigante do streaming de vídeo, para prosperar no novo cenário da mídia.

Stankey descreveu um futuro no qual a HBO elevaria substancialmente sua base de assinantes e o número de horas que eles dedicam a assistir os seus programas. 

Para atingir esse objetivo, a rede teria de produzir mais conteúdo, deixando de lado suas origens como produtora de programas de luxo cujo foco são séries exibidas nas noites de domingo, e crescendo em tamanho e abrangência.

“Precisamos de horas a cada dia”, disse Stankey sobre o tempo que os espectadores têm de dedicar à HBO. “Não por semana, não por mês. Estamos competindo com aparelhos que ficam nas mãos das pessoas e capturam sua atenção a cada 15 minutos.”

Plepler tentou forçar Stankey a revelar quanto a AT&T planejava investir na rede. Sem especificar quantias, ele disse que acredita ser preciso “elevar o investimento”. Plepler interveio: “Essa frase merece uma salva de palmas!”.

“Além disso”, disse Stankey, “no final do processo, é preciso ganhar dinheiro, certo?”

“E nós o fazemos”, disse Plepler, recebendo aplausos esparsos. “Sim, vocês ganham”, respondeu Stankey. “Mas não o bastante”. “Ei, calma lá, cuidado com o que está dizendo”, disse Plepler.

A HBO de fato vem sempre propiciando lucro. Nos últimos três anos, quando seu orçamento de programação ficou em cerca de US$ 2 bilhões [R$ 7,6 bilhões] ao ano, seu lucro foi quase o triplo.

Mas, se a rede precisa competir com novos rivais, como a Netflix, que planeja investir US$ 8 bilhões [R$ 30,5 bilhões] em programação neste ano, é necessário que seus gastos subam consideravelmente.

Stankey também disse que o número de assinantes —40 milhões nos EUA e um total internacional de 142 milhões— não seria suficiente. 

A HBO terá de encontrar uma maneira “de ir além dos 35% a 40% de penetração e se tornar um produto muito mais comum”, ele disse. Ao mesmo tempo, admitiu que a HBO tinha uma audiência leal: 
“Assim que apresentam um novo conteúdo, as pessoas se dispõem a experimentá-lo, porque confiam que vocês oferecerão algo de que elas gostarão. Agora precisamos compreender como expandir sem perder a qualidade.”

Procurados, representantes da rede e da Warner Media não quiseram se pronunciar.

Tradução de Paulo Migliacci
 

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