Descrição de chapéu

Dani Nega e Craca celebram experimentação na música negra

Disco 'O Desmanche' é a mais recente produção da dupla

A MC Dani Nega e o produtor Craca
Acantora, atriz e compositora Dani Nega e o produtor Craca - Nadja Kouchi/Divulgação
PALOMA FRANCA AMORIM

O Desmanche

  • Onde No ar nas principais plataformas de streaming
  • Autor Craca e Dani Nega
  • Gravadora Tratore

Na faixa "Casa de James" do disco "O Desmanche", mais recente produção da dupla Dani Nega e Craca, fala-se em um espaço onde se revelaram os primeiros passos pela música de maneira comunitária.

Na canção, que conta com a participação de Graça Cunha e Nanny Soul, propõe-se o despertar de uma memória afetiva de vivências que estabelecem os referenciais primeiros da relação entre música e identidade, música e resistência, música e militância e, finalmente, música e saudade.

A faixa seria o território de aprendizado da narradora que se desloca ao longo das nove canções do álbum, representada na voz da cantora, atriz e compositora Dani Nega.

"O Desmanche" é apresentado sob esse diapasão da memória da cultura negra em trânsito entre centro e periferia, embrião de expressões estéticas que permeiam o imaginário paulistano.

A proposta convoca ao resgate de narrativas estéticas urbanas e rurais negras. "Boi Navegador" conta com a presença do coro de Martinha Soares, Naloana Lima e Naruna Costa, integrantes das Clarianas, grupo musical paulistano que investiga as sonoridades populares brasileiras.

Outras parcerias importantes compõem "O Desmanche". Em "Peito Meu", Luedji Luna faz um duo com Dani Nega, criando um bonito contraste entre seu timbre agudo melodioso e o rap de Nega.

Em "Saravá Xangô", é a vez de Juçara Marçal e Sandra X. A composição envolve uma sobreposição de texturas percussivas africanas e efeitos eletrônicos para evocar a força do canto em homenagem ao tema da justiça e da lealdade.

A trajetória memorial de "O Desmanche" abrange argumentos poéticos e políticos, na medida em que se manifesta enquanto força musical antirracista pelo entrelaçamento do lirismo evocado em muitas faixas pelas toadas rítmicas da cultura popular nordestina, nortista e afro-religiosa em uma abordagem eletrônica demarcada sobretudo pelos beats do DJ Craca.

O disco parece apresentar ao público ouvinte a celebração do ato experimental na música negra que, constituída por tantas influências e em incessante busca por uma zona identitária, cria espaços de metáforas potentes sobre a complexa e diversa negritude social brasileira.

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