Figura da noite e fiel escudeiro, Jimmy the Dancer protagoniza novo clipe do Bixiga 70

Dançarino e divulgador de eventos do underground paulistano é destaque nos shows da banda instrumental

Rafael Gregorio
São Paulo

Em seu novo videoclipe que lança nesta segunda (16), da música "Quebra Cabeça", o Bixiga 70 destaca um mito da noite paulistana que se tornou figura importante nos shows da banda.

É Jimmy the Dancer, nome artístico do paulistano Fábio da Silva Francisco, 41.

Esguio, quase sempre vestindo estampas coloridas ou motivos étnicos e levando um inseparável cajado, ele tornou-se um quase-Bixiga com muito molejo: de tanto e tão energeticamente dançar, foi alçado ao palco nos primeiros shows, em 2010.

Sua trajetória começou em 2001, quando ainda era Fábio e lidava com “umas fitas erradas na rua”.

Aficionado de reggae e dub, conheceu Fábio Murakami, o Yellow P, responsável pelo coletivo Dubversão Sistema de Som, que promovia —e ainda o faz— festas de som jamaicano e eletrônico, como a Suzy in  Dub, e o abrigou em uma das sedes da festa.

“Fazia a divulgação dos eventos: distribuía flyer, colava pôster. Nessa época, a parada estava pesada pro Fábio, e ele pensou em ter um nome bacana, que nem os caras do reggae”, diz, mesclando personas.

Hoje Jimmy trabalha para o sucesso de festas, como Fresh! e Java, e casas de show, como Patuá e Prato do Dia. Cola cartazes dos espetáculos e ajuda da limpeza à estrutura de palco.

Quando não está “no rolê”, escreve narrativas de ficção, pratica os ensinamentos que aprendeu em oficinas de dança e faz desenhos meio figurativos, meio surrealistas..

Mas a rotina nem sempre foi tranquila: Jimmy já morou na rua, apanhou de policiais, passou um tempo fora do país e, de volta, precisou pedir abrigo a imigrantes africanos na região central de São Paulo —são eles lhe dão os tecidos para suas vestes.

Há dois anos, contudo, as coisas melhoraram para o dançarino. Ele conseguiu passar por uma almejada cirurgia que lhe tirou dores nas costas. Também viu fazer efeito os anos de tratamento psíquico no Caps (Centro de Atenção Psicossocial) e arrumou um endereço fixo e, um bairro tranquilo na zona oeste.

“Estou numa fase boa, graças a Deus”, diz o dançarino, os olhos fitando o chão, onde bate o cajado em um misto de vigor e carinho.

Tantas histórias e tantos sorrisos fizeram de Jimmy uma estrela da noite paulistana. E mais: ele hoje é tido como uma espécie de antena, sempre próximo de pessoas e eventos que estão para estourar e se tornar a nova onda na metrópole.

Mas, mesmo entre tantas opções e aventuras, nada parece alegrá-lo mais que dançar ao som do Bixiga 70.

“Quando estou dançando, penso na beleza que é estar em meio aos meus irmãos; é energia, mano!"

“Ele é muito importante pra gente. Com seu sorriso, seu movimento, ele fixa comunicação com as pessoas até mais do que nós, músicos”, define Cris Scabello, guitarrista do Bixiga 70 e um dos amigos mais próximos do dançarino.

Jimmy se orgulha do afeto dos amigos e, como eles, sente-se ansioso pelos shows.

O motivo é especial e atende por Maria da Graça: “É a primeira vez que minha mãe vai me ver dançar no palco! Vai ser lindo, né?”

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