Descrição de chapéu

Filme 'Mulheres Alteradas' revela seu valor na linguagem ousada

Longa, no entanto, não desenvolve suas possibilidades narrativas

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Mulheres Alteradas

  • Quando estreia nesta quinta (5)
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Alessandra Negrini, Deborah Secco, Maria Casadevall e Monica Iozzi
  • Produção Brasil, 2018
  • Direção Luis Pinheiro

Veja salas e horários de exibição.

“Mãe, quando você olha o seu vestido de noiva, você se lembra da igreja, da festa, da valsa, dos presentes?” “Não. Me lembro da época em que eu cabia nele.”

O diálogo acima, parte de uma charge publicada na Folha em maio de 2009, é uma pequena amostra do jeito descontraído que Maitena Burundarena retrata o universo feminino e seus dilemas. Melhor rir do que chorar pelas nossas tragédias particulares...

Da esq. para a dir., Keka (Deborah Secco), Marinati (Alessandra Negrini), Leandra (Maria Casadevall) e Sônia (Monica Iozzi) em 'Mulheres Alteradas'
Da esq. para a dir., Keka (Deborah Secco), Marinati (Alessandra Negrini), Leandra (Maria Casadevall) e Sônia (Monica Iozzi) em 'Mulheres Alteradas' - Divulgaçao

Conhecidos em mais de 40 países, por aqui, os quadrinhos da cartunista e escritora argentina também serviram de inspiração ao filme “Mulheres Alteradas”, do diretor Luis Pinheiro, com roteiro de Caco Galhardo. A parceria vem desde o seriado “Lili, a Ex”, exibido no canal GNT.

Já na apresentação das personagens, o público encontra uma proposta diferente. Apesar do elenco recheado de estrelas globais, o longa-metragem anda na contramão das incontáveis comédias nacionais que desembocam sempre no mesmo formato.

A grande sacada da adaptação é manter um papo reto (e divertido) com a versão original, encaixando na tela não só o humor sarcástico das tirinhas de Maitena, mas, principalmente, a linguagem estética das HQs.

Por isso, vale apostar no exagero, nas cores fortes, nos efeitos especiais, na edição ágil, quase frenética. Vale brincar com as atuações caricatas; vale incluir ilustrações que remetem aos traços da autora no meio da história; vale misturar o possível e o absurdo; vale não se levar a sério nem por um minuto.

Inspiradas, Alessandra Negrini (Marinati), Deborah Secco (Keka), Monica Iozzi (Sônia) e Maria Casadevall (Leandra) mergulham nesse jogo e se reúnem para dar tons tragicômicos aos dramas universais da mulherada, em papéis que funcionam como arquétipos.

Tem a workaholic pegadora-desapegada que se perde numa paixão quando a carreira está prestes a decolar; a mal-casada que tenta salvar o relacionamento falido a qualquer custo; a mãe de dois filhos que sente falta da balada; e a baladeira de 30 anos que entra em crise porque cansou da balada. 

As possibilidades narrativas, então, ficam bastante limitadas. Não existe uma trama elaborada por trás das trajetórias das protagonistas --elas apenas passeiam pelas crônicas do cotidiano feminino. O resultado é um discurso bem-humorado, mas que abraça o lugar-comum. 

A criatividade, de fato, se manifesta muito mais na forma do que no conteúdo --o que não compromete o conjunto da obra. "Mulheres Alteradas" revela seu valor na linguagem visual ousada, no texto leve e no feminismo irreverente que resgata com habilidade dos cartuns de Maitena.

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