Descrição de chapéu

Novo trabalho do Gorillaz remete ao grupo Kraftwerk e a um tecnopop mais antenado

Álbum de banda liderada por Damon Albarn investe em som eletrônico

Ivan Finotti
São Paulo

The Now Now

  • Onde Disponível em plataformas de streaming e em CD (R$ 38,50) e vinil (R$ 69,50), ambos importados
  • Autor Gorillaz
  • Gravadora Parlophone UK, 2018

Catorze meses depois do bem-sucedido “Humanz”, o músico Damon Albarn e o quadrinista Jamie Hewlett reaparecem com o sexto álbum de estúdio da banda virtual Gorillaz. 

“The Now Now” demonstra uma retomada consistente: antes de chegar ao segundo lugar das paradas britânicas e americanas no ano passado, o Gorillaz havia ficado cinco anos sem lançar nada.

O novo disco entrou em quinto lugar na Inglaterra, mas falhou até agora nos EUA, apesar da ajuda de nomes de sucesso por lá, como o rapper Snoop Dogg. Ele e Jamie Principle, pioneiro da house music, colaboram em “Hollywood”, uma das cinco músicas do disco (que tem 11) destacadas para serem lançadas como singles. “Hollywood”, aliás, foi apresentada aqui no Brasil em março deste ano, quando o Gorillaz estreou no país.

É um hip hop lento e melodioso, no velho estilo do Gorillaz, mas que não chega a empolgar como alguns de seus maiores hits —“Clint Eastwood”, de 2001, ou “Dare”, de 2005.

A banda Gorillaz durante apresentação em São Paulo, em março - Iwi Onodera/UOL/Folhapress

“The Now Now” é quase todo lento, na verdade. Albarn investe aqui num som bastante eletrônico. Parece beber em Kraftwerk ou, mais do que isso, num pop de sintetizador mais vagabundo para criar teclados num estilo bem anos 1980, daquele tipo que você ouve meio com vergonha. “Lake Zurich”, que é a mais rapidinha, é o grande exemplo desse estilo no álbum.

“Fire Flies” lembra um Blur menos inspirado. Para quem nasceu neste século: o Blur era (ainda é, eles estão de volta) a banda de rock de Damon Albarn, e que competia com o Oasis dos irmãos Gallagher na Inglaterra dos anos 1990.

O Blur lançou seis bons álbuns naquela década, emplacou uma dúzia de hits e abriu caminho para que o cantor fizesse o que quisesse depois. E entre seus vários projetos, o mais esquisitão sempre foi esse Gorillaz. Uma banda que é formada por quatro personagens de história em quadrinhos.

O músico contou com diversos convidados, em estúdio e no palco, desde o primeiro disco, de 2001. Ele e o quadrinista Jamie Hewlett, que cria videoclipes e histórias para os personagens da banda virtual, são os únicos membros permanentes do Gorillaz.

Outro convidado que lembra os anos 1980 em “The Now Now” está na faixa de abertura: George Benson. O jazzista que estourou com o pop “Give Me the Night” colabora com Albarn em “Humility”, uma world music com levada mais alegre que o resto das faixas.

Mas a melhor de todas é a segunda, “Tranz” (referência à “Trans Europe Express”, disco de 1977 do Kraftwerk?), um tecnopop mais antenado com o agora agora.

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