Descrição de chapéu

'O Orgulho' procura entender razões e exageros do politicamente correto

Filme mostra interação entre professor polêmico e estudante que não aceita engolir sapo

SÉRGIO ALPENDRE

O Orgulho (Le Brio)

  • Quando Estreia nesta quinta (19)
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Daniel Auteil, Camélia Jordana, Yasin Houicha
  • Produção França/Bélgica, 2017
  • Direção Yvan Attal

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Em "O Orgulho", Neïla Salah (Camélia Jordana) é uma estudante universitária, filha de argelinos, que chega atrasada em seu primeiro dia de aula.

Ao entrar no auditório lotado, desperta a atenção do professor encarregado de fazer a palestra de boas-vindas, o polêmico Pierre Mazard (Daniel Auteil). Este começa uma série de provocações raciais, despertando a ira dos presentes.

Os alunos veteranos o conhecem de longa data, e parecem tratá-lo mais como uma figura folclórica do que como um racista de fato. O que não impede que sejam registradas muitas queixas contra ele.

O diretor da instituição, então, propõe que, se Pierre conseguir preparar Neïla para vencer um desafio de argumentações, a associação entre a universidade e a extrema direita estaria encerrada de vez, e o professor continuaria no cargo.

Sem alternativa, ele aceita o desafio. Ela reluta, mas termina topando. Inicia-se, então, este "Pigmalião" contemporâneo, que procura entender as razões e os exageros do chamado politicamente correto.

Não é fácil mexer nesse vespeiro. O diretor franco-israelense Yvan Attal toma o cuidado de não ferir sensibilidades, mas derrapa quando exagera na caracterização do professor falastrão. Por sorte, Auteil está em estado de graça, o que faz com que seu personagem seja marcante desde o início. Ajuda também que Jordana seja uma jovem atriz talentosa e carismática.

Como era de se esperar, ambos saem fortalecidos com o laço que os une. Mas a que preço? Vale a pena sustentar um professor excelente, mas preconceituoso? Até que ponto o "bullying" em sala de aula fortalece um caráter, como parece ser a tese levantada pelo filme?

No treinamento para o desafio, temos como base o livro de Arthur Schopenhauer, "A Arte de Ter Razão", no qual o filósofo alemão lista 38 estratagemas para se vencer qualquer discussão, chegando até a ofensa pessoal.

A narrativa avança claudicante, à maneira de um filme hollywoodiano contemporâneo. Mas não conseguimos desgrudar o olho da tela. O diretor Attal, também ator experiente, sabe que a melhor maneira de segurar uma plateia é extrair de seus atores o máximo da interpretação.

Auteil é o professor politicamente incorreto. Jordana é a estudante que não aceita engolir sapo. Graças a esses dois, à interação entre eles, e à discussão levantada, vemos "O Orgulho" com facilidade.

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