Descrição de chapéu Artes Cênicas

Peça sobre homem contemporâneo coloca público na sala de ensaio

'Homem ao Vento', da companhia Marcos Damaceno, jogo no limite entre ficção e realidade

Bruna Spínola e Pipo Belloni durante ensaio de "Homem ao Vento" na SP Escola de Teatro - Lenise Pinheiro/Folhapress
MLB
São Paulo

De início, parece nem ter começado. Estão todos ao redor de uma mesa, usam roupas despojadas e conversam desordenadamente. Passam pelos espectadores e por vezes até se sentam ao lado deles, alocados em volta da cena, como numa arena.

É num tom de improviso que se constrói "Homem ao Vento", espetáculo da curitibana Marcos Damaceno Companhia de Teatro, que estreia nesta sexta (20) em São Paulo.

Em cena, nove atores tentam entender uma peça cujo texto têm em mãos. Não fica muito claro o que quis dizer o autor, nem parece uma dramaturgia finalizada.

Na busca por compreender do que se trata o trabalho e como encená-lo, o elenco passa a discutir as personagens. Ora falam deles como figuras fictícias, ora como se fossem reais. Por vezes, interpretam os diálogos desse texto inacabado.

"O espetáculo tem essa linguagem hipernaturalista. Muito gente acha que é improviso, mas é tudo marcado, tanto no gestual quanto na palavra", explica o diretor e dramaturgo Marcos Damaceno.

As conversas desembocam em discussões sobre relacionamentos, família e o próprio fazer teatral. Tudo difuso entre o que é real ou ficção.

"Ao mesmo tempo em que se fala do teatro, trata-se da vida, da nossa falta de ordem, de quando a gente se encontrar em situações de caos", diz o encenador. "A peça toda é como a vida: não tem começo, não tem fim, não tem ordem."

O apreço pelo texto sempre foi marca do grupo, nome forte da cena curitibana e que já apresentou em São Paulo peças elogiadas, como "Psicose 4h8" (2004) e "Árvores Abatidas ou para Luis Melo" (2008).

"Homem ao Vento" nasceu há quatro anos, escrito por Damaceno a pedido da PUC paranaense, que solicitou ao dramaturgo um texto sobre o homem contemporâneo.

O elenco, que reúne jovens e atores experientes —como Rosana Stavis, cofundadora da companhia e a atriz Bruna Spínola, da novela "Orgulho e Paixão"—, uniu-se a partir de oficinas ministradas pela companhia em Curitiba.

Esse movimento de ensino, afirma Damaceno, era uma tentativa de suprir o que ele identifica como uma deficiência do teatro brasileiro: a falta de atenção e trato com a palavra dentro do espetáculo.

Homem ao Vento

  • Quando Sex., sáb. e seg., às 21h, dom., às 19h. Até 6/8
  • Onde SP Escola de Teatro, pça. Franklin Roosevelt, 210
  • Preço contribuição voluntária
  • Classificação 14 anos
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