Temporada do Balé da Cidade homenageia David Bowie em cena

Canção 'I'm Deranged' inspirou uma das coreografias do programa Danças e Quimeras

Iara Biderman

Com David Bowie, trovadores, danças e quimeras, o Balé da Cidade começa sua segunda temporada do ano nesta sexta (6), no Theatro Municipal de São Paulo. Danças e Quimeras, nome dado ao programa, remete aos monstros mitológicos, mas também à fantasia, ao sonho, à utopia.

"O país vive um momento em que corpos são censurados, vozes são silenciadas. Queremos encontrar nosso vocabulário e dar espaço para corpos que estão ferozmente tentando dizer algo", afirma Ismael Ivo, diretor artístico da companhia.

O ser da mitologia combina com o grande homenageado e inspirador da programação, David Bowie (1947-2016).

A música "I'm Deranged" (estou enlouquecido), composta por Bowie e Brian Eno em 1995, é o ponto de partida da coreografia do austríaco Chris Haring feita especialmente para a companhia.

Em "Deranged", a canção original foi remixada e cantada por 12 bailarinos, que dançam e ampliam suas vozes no palco, com uma movimentação quase minimalista.

O espetáculo segue atrás de mais um sonho, o de chegar às estrelas, com a apresentação de "Adastra". A obra, criada em 2015 pelo catalão Cayetano Soto para o Balé da Cidade, inspira-se na expressão "per ardua ad astra" (por meio das dificuldades, chega-se às estrelas).

Bastante exigente do ponto de vista técnico, a coreografia desafia cada bailarino a dançar no seu limiar. "Se perdem um segundo na transição de um movimento, a dança pode não acontecer", diz Ivo.

Depois de dançar neste fio de navalha, o elenco passa para a alegria de preencher o espaço e dar seu recado como trovadores antigos, em uma coreografia que mistura referências do passado com danças urbanas atuais.

"Trovador", outra estreia do programa, foi coreografada por Alessandro Pereira, brasileiro residente em Copenhague, onde trabalha para a Companhia Dança Teatro da Dinamarca.

E Bowie volta para encerrar o espetáculo. "Um Ícone", concebido por Ivo, é uma montagem de pequenas intervenções coreográficas e projeções de vídeo baseada na biografia do músico.

Estão lá as referências a androginia, ao universo extraterrestre, às mulheres da vida de Bowie (Angie e Iman) e também a "Black Star", último álbum do músico, lançado dois dias antes de sua morte, aos 69 anos.

Em setembro, o Balé da Cidade estreia a releitura de Ivo do best-seller da dança "A Sagração da Primavera".


Balé da Cidade de São Paulo

De 6 a 15/7. Qua. a sáb., às 20h, dom., às 18h, no Theatro Municipal de São Paulo, pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. (11) 3053-2100. R$ 12 a R$ 80. 14 anos

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