Aos 95 anos, morre o artista plástico baiano Mário Cravo Jr.

Expoente da geração de modernistas, o artista estava internado havia dez dias com pneumonia

João Pedro Pitombo
Salvador

Último expoente da geração de artistas modernistas da Bahia, Mário Cravo Júnior morreu nesta quarta-feira em Salvador, aos 95 anos. Ele estava internado havia dez dias na capital baiana com uma pneumonia e morreu após falência múltipla dos órgãos.

Escultor, pintor e gravador, Cravo Júnior teve uma trajetória de mais de sete décadas nas artes e se consolidou como um dos nomes mais marcantes da escultura brasileira. Junto de artistas como Carlos Bastos e Genaro de Carvalho, ele ajudou a impulsionar a arte moderna na Bahia e deixou um legado de pinturas, gravuras, desenhos e esculturas.

Uma parte importante de suas obras está em praças e parques de Salvador.Talvez a mais conhecida delas, a “Fonte da Rampa do Mercado”, construída com fibra de vidro em de 1970, tem 16 metros de altura e domina a praça Cairu, ao lado do elevador Lacerda e do Mercado Modelo, dois dos maiores marcos arquitetônicos da cidade.

Também é de sua autoria o monumento da Cruz Caída, de 1999, erguida junto à praça da Sé, porta de entrada do Pelourinho. A escultura representa a memória da igreja da Sé, demolida nos anos 1930 para dar passagem a uma linha de bonde em Salvador.Outro conjunto de suas esculturas está no parque de Pituaçu, onde ele mantinha um atelilê e lá trabalhou diariamente até o último mês.

Em Itapuã, sua icônica escultura de uma sereia se tornou um marco de um dos bairros mais conhecidos da capital baiana.Cravo Júnior nasceu em abril de 1923, em Salvador. Filho de uma família de comerciantes de Alagoinhas, no norte da Bahia, ele passou a infância na capital do estado,  onde morou no bairro da Ribeira, região da Cidade Baixa.

Foi na capital que se aproximou de escritores como Jorge Amado e Zélia Gattai e também do artista plástico argentino Carybé, reforçando o elo de sua obra com os temas da cultura popular da Bahia.Uma de suas obras mais famosas, “O Tocador de Berimbau”, segue essa linha.

Feita de madeira e com três metros de altura, a obra fez parte do acervo do Hotel Nacional, de Brasília. Também é de sua autoria “Exu Mola de Jipe”, que fica no jardim de esculturas do Museu de Arte Moderna paulistano, no Ibirapuera.

O artista também teve uma escultura, uma gota metálica com uma fenda, instalada na praça da Sé, em São Paulo.Ele era pai de Mário Cravo Neto fotógrafo, desenhista e escultor baiano, um dos maiores fotógrafos da história do país, que se notabilizou sobretudo por retratar ritos de regiões afro-brasileiras. Seu filho morreu em 2009, aos 62 anos.

 
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